sábado, 9 de maio de 2009

As fronteiras rompidas pela violência

As fronteiras da violência estão além dos limites dos municípios, da localização das fontes de atração de criminosos ou dos fatores facilitadores da inserção de pessoas no crime, como forma de subsistência ou meio de vida. A insegurança se alastra por todos os lados e em todas as circunstâncias, como uma chaga incurável que toma o corpo da sociedade, gerando a sempre presente sensação de ameaça e medo.

Não é de hoje que a sociedade clama por uma política pública eficaz de segurança, compatível com a necessidade elementar de preservação da integridade física e patrimonial, sem ter que se sujeitar aos espasmos de grupos que se organizam para se beneficiar da impunidade e falta de ação dos agentes de segurança, atados pelas mãos na falta de recursos, pessoal e instrumentos de aplicação da lei. O crime é a palavra de ordem em todas as cidades, não havendo exceção que não seja a variável da violência explícita ou nível de gravidade.

Os moradores das metrópoles incorporaram em boa parte a convivência com criminosos, tendo os espaços limitados pela insegurança, pelos hábitos determinados pela prevenção. Habituaram-se de forma mórbida a evitar locais perigosos, já facilmente identificados nos mapas da falta de policiamento. Os pequenos municípios ainda ostentam o indisfarçável alívio de poder conviver em paz, de manter saudável distância de acontecimentos nefastos, de poderem circular livremente e em paz pelas ruas, sazonalmente abaladas por um crime menor.

Mesmo esta aparente tranquilidade está com os dias contatos. A pacata Estância Mineral de Águas de São Pedro, o menor município do Estado, com apenas 2 mil habitantes, acaba de criar a sua Secretaria de Segurança Pública, após o alarme do aumento do número de ocorrências policiais no município. Entre os moradores, persiste a esperança de que ainda podem se manter distantes das ameaças da sociedade moderna, a ponto de deixar portas e janelas abertas como deveria ser nas comunidades ideais. Mas a prevenção e o medo entraram definitivamente no assunto das conversas e é indisfarçável o incômodo da nova situação.

Ao romper a barreira de tranquilidade de uma pequena cidade, a violência se faz presente em todos os quadrantes do Estado, como consequência de um desequilíbrio profundo e uma estrutura social doente, que permite que os cidadãos de maneira geral – jovens e mulheres, em especial – entrem para o crime como alternativa de uma vida sem perspectiva e sem apoio. O Estado precisa agir, repensar a questão da segurança como um todo, não desdenhando de qualquer vertente. Cabe a ele zelar pelo encaminhando da vida das pessoas e garantir sua estabilidade. O que não é exigir demais.

(Correio Popular, 9/5)

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