quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Paul Johnson por Paul Johnson

“De todas as calamidades que se abateram sobre o Século XX, além das duas guerras mundiais, a expansão da educação universitária nos anos cinquenta e sessenta é a mais duradoura. É um mito a crença de que as universidades são o berço da razão. São o abrigo de todo tipo de extremismo, irracionalidade, intolerância e preconceito; um lugar onde o esnobismo intelectual e social é propositadamente instilado e onde professores passam para os estudantes os seus próprios pecados de orgulho.
A nova forma de totalitarismo – a Mentalidade Politicamente Correta – é, inteiramente, uma invenção universitária
.
O que me provoca reflexões sombrias é a lembrança de todo o desperdício produzido pelo modernismo. Perdemos duas gerações – meio-século- na busca pela feiúra. Talentos da pintura, desenho e escultura se perderam.
Nunca fui a um concerto de música pop ou a um jogo de futebol, nunca acompanhei novela de TV, nunca vi “A Ratoeira” ou “E o Vento Levou”, nunca concluí a leitura de “Em Busca do Tempo Perdido”, nunca li a revista “The Economist” ou “Time Out”, nunca tive um carro, nunca passei do limite da conta bancária, nunca compareci a tribunal. Ninguém nunca me ofereceu drogas, convidou-me para uma orgia ou me vendeu um contraceptivo. Jamais tive a menor vontade de possuir um quadro de Picasso, ter uma Ferrari, vestir um Armani ou morar em Aspen.
Jamais matei um peixe, caçei uma raposa ou esmaguei uma aranha – se bem que, uma vez,tentei esmagar uma tarântula no Recife.
Já fiz Charles de Gaulle se benzer, Churchill chorar e o Papa sorrir.
Considero-me um típico inglês do meu tempo, classe e idade, cujos pontos-de-vista, simpatias e antipatias são compartilhadas com multidões. Posso estar errado a esse respeito. Quando perguntada o que pensa sobre mim, minha mulher Marigold respondeu : “Difícil”.

(Trechos de “To Hell With Picasso”; Editora Weidenfeld & Nicolson, Londres, de Paul Johnson, citado no blog de Geneton Moraes Neto)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Toque de recolher para jovens

A educação dos filhos é uma tarefa das mais prazerosas e também a mais complexa, por envolver um alto nível de responsabilidade e representar a pavimentação da personalidade das crianças no sentido dos valores da família. A integração social é uma busca constante, obrigando pais e educadores a uma atenção especial em cada fase da vida, oferecendo o instrumental para que cada um desenvolva sua vocação pessoal.

Os tempos modernos vêm determinando uma série de mudanças nos hábitos e comportamentos, exigindo que os padrões sociais sejam sistematicamente confrontados, adaptados às novas linguagens de relacionamentos, à inclusão de elementos inovadores de tecnologia e à abertura da linguagem de comunicação das novas gerações, que se formam no espaço onde o acesso à informação é facilitado de forma inusitada.

As escolas, os locais de encontro, as formas de lazer tomam formas muito diferentes de algumas décadas atrás, propondo modelos e ritmos de vida que são um constante desafio para as pessoas. Para os jovens, é o tempo da constante descoberta, o descortinar de um mundo sempre novo a ser explorado, sem medir consequências individuais ou coletivas. Para os adultos, um período de transformação ininterrupta, oferecendo opções e cobrando decisões a cada nova perspectiva oferecida.

Muito embora o caráter educativo seja inato ao ser humano, nem todas as famílias conseguem atingir um mínimo de harmonia no ambiente de formação dos jovens. O que se vê em muitos casos é a excessiva liberdade de escolha, a falta de atenção contínua e o abandono das responsabilidades de pais e educadores, que por vezes se omitem até que se criem situações críticas e sérias. A falta de controle sobre a vida de crianças e adolescentes acaba provocando situações de alto risco que poderiam ser evitadas a partir de uma convivência mais estreita e um canal aberto e franco de diálogo.

Em entrevista publicada no Correio Popular, o promotor de Justiça de São Paulo, José Carlos Blat, defendeu que se adote na Região Metropolitana de Campinas (RMC) a proibição para crianças e adolescentes com menos de 18 anos de ficarem fora de casa desacompanhados após a meia-noite, para evitar o envolvimento com a criminalidade e expô-los a situações de risco. A polêmica medida contempla uma preocupação com o desvirtuamento do comportamento de jovens, que têm amplo acesso a todo tipo de ambiente e consumo de bebidas, muitas vezes à revelia dos responsáveis diretos.

Nada é motivo de preocupação, uma vez que qualquer restrição atingiria justamente aqueles menores que estiverem nas ruas desacompanhados tarde da noite. Já é passado o tempo em que as pessoas podiam usufruir de segurança dia e noite na cidade. As situações de insegurança são evidentes e é preciso adotar medidas drásticas, seja para evitar o crescimento da criminalidade ou para estender a proteção às crianças e adolescentes que vivem à margem da atenção de seus responsáveis.
(Correio Popular, 28/9)

O rio

Cada rio que nasce
É uma moda de viola da natureza
Pra cantar o nú dos meninos
Pra botar nos frutos beleza.
É um rosário de peixes e chuvas
Trançado nas corredeiras
É o espelho da lua, do sol, dos chorões
Das lavadeiras
É o berço das águas, o mel da terra
Das bocas nas beiras...

Cada rio que morre
É uma veia que seca, é um rumo sem norte
Viola quebrada, cantador sem estrada.´
É uma faca sem corte
É um espelho partido, um berço desfeito
É o rosário da morte...
Cada rio que morre é uma tristeza...


(Zeza Amaral e Keula Ribeiro, em Clareia)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Us and them


Us, and them
And after all were only ordinary men.
Me, and you.
God only knows its not what we would choose to do.

Forward he cried from the rear
And the front rank died.
And the general sat and the lines on the map
Moved from side to side.

Black and blue
And who knows which is which and who is who.
Up and down.
But in the end its only round and round.

Havent you heard its a battle of words
The poster bearer cried.
Listen son, said the man with the gun
Theres room for you inside.
Down and out
It cant be helped but theres a lot of it about.
With, without.
And wholl deny its what the fightings all about?

Out of the way, its a busy day
Ive got things on my mind.
For the want of the price of tea and a slice
The old man died.

(Us and them, Pink Floyd)

Nós e eles
E afinal somos todos homens comuns
Eu e você
Só Deus sabe que não é isso que teríamos escolhido

Adiante! gritou ele da retaguarda
E morreram os homens da linha de frente
E o general sentou-se e as linhas no mapa
Deslocavam-se de um lado para outro

Negro e azul
E quem sabe dizer qual é qual e quem é quem
Para cima e para baixo
E no final é apenas um contínuo rodopio em círculos
Você não ouviu?

É uma batalha de palavras
Gritou o homem que carregava o cartaz
Ouça, filho, disse o outro com o revólver
Há um lugar para você lá dentro

Por baixo e sem teto
Não dá para evitar mas essa situação pode ser encontrada por toda a parte
Com, sem
E quem há de negar que essa é a razão de toda a briga?
Saia do caminho, é um dia cheio
E estou com a mente ocupada
Por falta do preço do chá com uma fatia
O velho morreu .

Motociclistas no rumo da civilidade

A situação caótica do trânsito em todas as grandes cidades tem levado especialistas, técnicos e usuários a um amplo debate à busca de soluções para os problemas que se avolumam na proporção do aumento potencial da frota de veículos, a densidade demográfica e as estratégias de se criarem regras eficazes para conter abusos e os graves problemas decorrentes.

Os desafios não são poucos e os investimentos necessários são exigidos na mesma escalada, exigindo criatividade e domínio técnico da estrutura. Mesmo com todos os resultados positivos que se podem apresentar, os termos ideais sempre parecem estar muito distantes, como se fosse uma corrida em uma pista que se alonga indefinidamente em velocidade muito superior à que se pode trilhar.

Desde domingo a esta edição, o Correio Popular tem destacado em série de reportagens o problema específico dos usos e abusos de motociclistas no complicado trânsito de Campinas, que se tornou uma grande preocupação e uma inconveniente realidade. Os motoqueiros, por sua ousadia, pressa e imperícia, acabam protagonizando cenas de perigo nas ruas, colocando as suas próprias vidas e de outros em risco, recheando as estatísticas mórbidas dos acidentes.

Entre os motoboys há esforços concretos para unir a categoria, regulamentar a profissão e defender os direitos trabalhistas sem pressões trabalhistas. Na educação do trânsito, foram destacadas iniciativas como o centro de formação de instrutores da Honda do Brasil, que investe institucionalmente na formação de melhores instrutores de auto-escolas. E a própria experiência de motociclistas e clubes que pregam a harmonia no trânsito e a segurança como princípio elementar.

É evidente que não são todos os motociclistas que abusam, fazem barbaridades sobre duas rodas, expõem-se gratuitamente ao perigo constante. O perfil dos infratores é muito claro e é justamente para estes que devem estar dirigidas todas as medidas punitivas e educativas. É necessário construir uma nova mentalidade que incorpore as motocicletas como meio de transporte racional e útil, importante alternativa para desafogar o tráfego nos grandes centros.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Baby you're a rich man


How does it feel to be
One of the beautiful people?
Now that you know who you are
What do you want to be?
And have you travelled very far?
Far as the eye can see.

How does it feel to be
One of the beautiful people?
How often have you been there?
Often enough to know.
What did you see, when you were there?
Nothing that doesn't show.
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man too.

You keep all your money in a big brown bag inside a zoo.
What a thing to do.
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man too.

How does it feel to be
One of the beautiful people?
Tuned to a natural E
Happy to be that way.
Now that you've found another key
What are you going to play?
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man,
Baby you're a rich man too.


(Baby you're a rich man, The Beatles)


Como é
Ser uma das pessoas lindas?
Agora que você sabe quem você é
O que você quer ser?
E você já viajou muito longe?
Até onde os olhos conseguem enxergar
Como é
Ser uma das pessoas lindas?
Com que frequência você já esteve lá?
Vezes suficientes pra saber
O que você viu quando estava la?
Nada que não apareça
Baby você é um cara rico
Baby você é um cara rico
Baby você é um cara rico também
Você guarda todo seu dinheiro numa grande bolsa marrom dentro do zoológico
Que coisa a se fazer
Baby você é um cara rico
Baby você é um cara rico
Baby você é um cara rico também
Como é
Ser uma das pessoas lindas?
Ligado em um E natural
Feliz em ser desse jeito
Agora que você achou outra chave
Do que você vai brincar?
Baby você é um cara rico
Baby você é um cara rico
Baby você é um cara rico também

Um Senado, apesar do mau conceito

O nível de consciência política da maioria dos brasileiros é extremamente rasteiro, com pouca margem para um amplo debate sobre as especificidades institucionais. Aos cidadãos comuns, o funcionamento do Congresso, as funções dos parlamentares, atribuições de governantes e responsabilidades de pessoas envergadas de cargos públicos e mandatos eletivos estão distantes da realidade. Não são poucos os que em período eleitoral vergam sob os argumentos de apadrinhamentos, de oferecimento de vantagens e até promessas que não poderão ser cumpridas por estarem totalmente fora da competência dos candidatos.

A lenidade dos brasileiros em relação aos grandes escândalos que permeiam a vida política é responsável em grande parte pela facilidade com que os envolvidos em casos de corrupção e atos irregulares permaneçam indefinidamente no poder, sendo reconduzidos a seus cargos mesmo depois de protagonizarem as mais abjetas situações. Em todos os níveis, dos municípios a Brasília, não são poucos os que transformaram as seções de política de jornais em páginas policiais.

Os mais recentes escândalos envolvendo os parlamentares tiveram o dom de despertar a consciência popular. Como nunca antes se viu, a política é tema de conversas informais e atrai realmente a atenção de muitos cidadãos. Tanto que aqui e ali surgiu a ideia de extinguir o Senado como a câmara alta do sistema representativo brasileiro. Senadores têm tão baixo conceito e respeitabilidade que muitos já não reconhecem sua necessidade. Mas a realidade parece ser diferente.

Pesquisa realizada pelo Instituto Análise e divulgada nesta semana (Correio Popular, 21/9, B1) mostra que 52% dos eleitores rejeitam a ideia de extinção do Senado, ainda que reconheçam a necessidade extrema de uma renovação radical dos nomes. O índice é mais alto quanto maior o grau de instrução dos entrevistados, que contrariaram uma expectativa geral de que os cidadãos não tinham a exata noção da função senatorial e sua importância institucional. O formato bicameral é o fator balizador para dar equanimidade ao sistema representativo, impedindo que os estados mais populosos e com mais deputados imponham sua agenda política.

A mesma pesquisa aponta que muitos atribuem ao presidente da República a aprovação de leis para o País, uma distorção de como os cidadãos tendem a criar mitos em um quadro de franco populismo. Não sem razão, uma vez que o Executivo usa e abusa das Medidas Provisórias, diante de um Congresso omisso, que vota poucos itens e parece mais interessado em resolver questões corporativas e negociar vantagens em votações.

É um grande prejuízo para a democracia que os eleitores estejam confusos em relação aos seus padrões. A dicotomia institucional oferece um estado de direito e uma realidade que tem dado mostras de desgaste e descrédito. Somente com a participação cada vez mais consciente dos eleitores o sistema poderá ser aperfeiçoado com a legítima e honesta representação popular.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Across the universe


Words are flowing out like endless rain into a paper cup,
They slither while they pass they slip away across the universe.
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind,
Possessing and caressing me.

Jai guru deva, Om.
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world,

Images of broken light which dance before me like a million eyes,
They call me on and on across the universe.
Thoughts meander like a restless wind inside a letter box,
They tumble blindly as they make their way across the universe

Jai guru deva, Om.
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world

Sounds of laughter, shades of love are ringing through my opened ears,
Inciting and inviting me.
Limitless undying love, which shines around me like a million suns,
And calls me on and on across the universe.

Jai guru deva, Om.
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world

(Across the universe, George Harrison)


Palavras flutuam como uma chuva sem fim dentro de um copo depapel
Elas se mexem selvagemente enquanto deslizam pelo universo
Um monte de mágoas, um punhado de alegrias estão passando porminha mente
Me possuindo e acariciando

Glória ao mestre
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu

Imagens de luzes quebradas que dançam na minha frente como milhões de olhos
Eles me chamam para ir pelo universo
Pensamentos se movem como um vento incansável dentro de uma caixa de correio
Elas tropeçam cegamente enquanto fazem seu caminho pelo universo

Glória ao mestre
Nada vai mudar meu mundo
Nada vai mudar meu mundo

Sons de risos, sombras de amor estão tocando meus ouvidos abertos
Me excitando e convidando
Um amor incondicional sem limites que brilha em minha volta como milhões de sóis
E me chamam para ir pelo universo

Um drama social que toma as ruas

A vida se apresenta de maneiras diferentes para cada indivíduo. As variáveis de localização, oportunidades, laços afetivos, cultura e a capacidade de cada um vão aos poucos fazendo com que as pessoas façam suas escolhas e achem seu lugar na sociedade. O determinismo social é responsável por forjar os caminhos de cada um, deixando apenas por conta do arbítrio e das oportunidades a mudança de status.

A complexidade da vida moderna tem seus lados negativos, agravados pelas desigualdades, pela forma hipócrita com que a sociedade muitas vezes enfrenta seus maiores problemas, fazendo com que questões importantes caminhem por conta própria, deixando marcas de violência, desamparo, miséria. Um dos perfis mais chocantes nesta estrutura é a população absolutamente marginalizada que vive nas ruas, por falta de opções ou por escolha própria, em confusa mistura de valores e crenças que leva multidões a uma vida sem perspectivas e sonhos.

Os moradores de rua fazem de seu cotidiano uma dura realidade imposta pela incapacidade de encontrar horizontes em sua própria vida, vivendo de esmolas, muitas vezes consumidos por drogas e álcool, motivados pelo isolamento cruel, sempre em condições mínimas que não lhes permite escolhas. Abandonados pelas famílias, esquecidos pela sociedade, vão formando comunidades itinerantes, sem chão, pousada ou destino, muitas vezes sequer esperando uma sorte diferente, que ficou nas vagas lembranças do passado ou em sonhos de recomeço que dificilmente se tornarão realidade.

Campinas tem contabilizadas 1.064 pessoas em situação de rua, sendo que 842 vieram de outras localidades, deixados na rua por prefeituras e serviços de assistência de outros municípios, que confessadamente assumem não ter como dar atendimento a essas pessoas e optam pela solução de largá-los próximos de um local onde exista uma rede social com programas de atendimento aos moradores de rua. Eles chegam de vans, carros, ônibus, vindos de muitos destinos, descarregados como gado indesejável, sujos e sem recursos, largados à sorte por quem acredita que se livra do problema jogando o lixo por cima do muro.

O tratamento dispensado a essas pessoas é cruel. Há programas que podem garantir uma renda mínima a estes indivíduos, orientá-los a reencontrar um rumo para a vida, fazer contato com parentes e conhecidos, gerar algumas oportunidades. Mas os beneficiados não sabem. Muitos vagam pelas ruas sem sequer saber onde estão. Não sabem de pontos de assistência, não aceitam ajuda por absoluta falta de coragem de enfrentar o próprio problemas. Seguem amazelados pelo seu destino infeliz.

É preciso que estas políticas sociais cheguem a estas pessoas, os municípios assumam sua responsabilidade em vez de transferi-la irresponsavelmente, unindo esforços na defesa de uma parcela significativa da população, doente e perdida, que não merece ser brutalmente alijada do convívio social por problemas que eles não são capazes de reconhecer e os serviços de assistência fingem não ver.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Boys don't cry


I would say I'm sorry
If I thought that it would change your mind
But I know that this time
I've said too much
Been too unkind
I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try and Laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'cause boys don't cry
Boys don't cry

I would break down at your feet
And beg forgiveness
Plead with you
But I know that
It's too late
And now there's nothing
I can do
So I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try to laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'cause boys don't cry

I would tell you
That I loved you
If I thought that you would stay
But I know that it's no use
That you've already
Gone away
Misjudged your limits
Pushed you too far
Took you for granted
I thought that you needed me more
Now I would do most anything
To get you back by my side
But I just
Keep on laughing
Hiding the tears in my eyes
'cause boys don't cry
Boys don't cry
Boys don't cry

(Boys don't cry , The Cure)


Eu diria que estou arrependido
Se achasse que isto faria você mudar de idéia
Mas eu sei que desta vez
Eu falei demais
fui indelicado demais
Eu tento rir disso tudo
cobrindo com mentiras
eu tento rir disso tudoe
scondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
garotos não choram

Eu me desmancharia aos seus pés
mendigaria seu perdão
imploraria a você
mas eu sei que é tarde demais
e agora não há nada que eu possa fazer
por isso eu tento rir disso tudo
cobrindo com mentiras
eu tento rir disso tudo
escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram

Eu diria a você
que te amava
Se achasse que você ficaria
mas eu sei que é inútil
e você foi embora
Julguei mal o seu limite
fiz você ir longe demais
te subestimei, não te dei valor
pensei que você precisasse mais de mim
Agora eu faria qualquer coisa
para ter você de volta ao meu lado
mas eu só fico rindo
escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram
Garotos não choram

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sabor de burrice

Veja que beleza
Em diversas cores
Veja que beleza
Em vários sabores
A burrice está na mesa

Ensinada nas escolas
Universidade e principalmente
Nas academias de louros e letras
Ela está presente
E já foi com muita honra
Doutorada honoris causa
Não tem preconceito ou ideologia
Anda na esquerda, anda na direita
Não tem hora, não escolhe causa
E nada rejeita

Veja que beleza
Em diversas cores
Veja que beleza
Em vários sabores
A burrice está na mesa

Refinada, poliglota
Ela é transmitida por jornais e rádios
Mas a consagração
Chegou com o advento da televisão

É amiga da beleza
Gente feia não tem direito
Conferindo rimas com fiel constância
Tu trazes em guarda
Toda concordância gramaticadora
Da língua portuguesa
Eterna defensora

Senhoras e senhores, Se neste momento solene não lhes proponho um feriado comemorativo para a sacrossanta glória da burrice nacional, é porque todos os dias, graças a Deus, do Oiapoque ao Chuí dos pampas aos seringais, ela já é gloriosamente festejada.

(Sabor de burrice, Tom Zé)

Dia sem carro?


A humanidade está sendo duramente confrontada com a sua responsabilidade ambiental. Os séculos de exploração predatória, sem preocupação com a compensação das perdas, mudaram substancialmente o equilíbrio natural, levando a consequências sérias que somente agora começam a ser contabilizadas, suscitando movimentos em defesa da natureza e introduzindo o conceito já globalizado de sustentabilidade. As novas gerações crescem com a consciência ambientalista forjada na necessidade de ações em defesa do planeta, não dispensando políticas preservacionistas e consistentes.

Todas as ações são bem-vindas em todos os níveis, desde o compromisso corporativo de desenvolver meios de produção cada vez mais limpos, passando pelos limites impostos à exploração dos recursos naturais, chegando mesmo à motivação educativa desenvolvida nas comunidades. Chamados à colaboração, os cidadãos devem sempre mostrar-se prontos a cobrar políticas públicas, legislação compensatória e demostrar seu alinhamento com objetivos de harmonização com a natureza.

Algumas iniciativas tem o dom de desenvolver uma melhor percepção da realidade, ainda que os efeitos concretos sejam medidos apenas pela elevação do grau de consciência dos cidadãos. O Dia sem Carro é tipicamente um evento de importante simbolismo, praticamente uma performance que leva as pessoas a refletirem sobre os meios de transporte, tão práticos e indispensáveis quanto perniciosos ao meio ambiente pela emissão de poluentes em escalas quase insuportáveis. Há décadas a indústria de veículos tem caminhado na trilha da redução drástica da poluição pela queima de combustíveis fósseis, seja pela introdução de materiais alternativos como o etanol ou pela implementação de controles determinados pelos sucessivos protocolos aceitos por todas as nações.

A campanha que sugere que as pessoas deixem de lado seu veículo particular por um dia é um elevado estímulo a que todos pensem nas alternativas de locomoção, nas opções de transporte coletivo, desafogando as ruas, reduzindo o estresse do trânsito engarrafado e fazendo a sua parte na diminuição da poluição ambiental. A iniciativa é saudável e contribui para disseminar a necessidade de se equacionar o setor que é responsável em grande parte pela degradação do ar.

É importante que este esforço de conscientização venha acompanhado de políticas públicas facilitadoras. O cidadão que abandonar seu carro por um dia pode ter o dissabor de constatar que o trajeto de sua casa ao trabalho pode se tornar um grande problema se depender do transporte coletivo, onde falta a oferta de um serviço de alta qualidade, limpo, melhor organizado, com mais opções e econômico. Neste ponto, entram como prioridade os investimentos na ordenação urbana, na estruturação do sistema existente, obras viárias e a implantação de novos e modernos meios de transporte como o Veículo Leve sobre Pneus (VLP), entre outros cogitados para a Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Grito de Alerta

Primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça
Me bota na boca um gosto amargo de fel
Depois vem chorando desculpas, assim meio pedindo
Querendo ganhar um bocado de mel
Não vê que então eu me rasgo, engasgo, engulo
Reflito e estendo a mão
E assim nossa vida é um rio secando
As pedras cortando e eu vou perguntando: até quando?

São tantas coisinhas miúdas, roendo, comendo
Arrasando aos poucos com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo de gritos e gestos
Num jogo de culpa que faz tanto mal
Não quero a razão pois eu sei o quanto estou errado
O quanto já fiz destruir
Só sinto no ar o momento em que o copo está cheio
E que já não dá mais pra engolir

Veja bem, nosso caso é uma porta entreaberta
Eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende o meu grito de alerta
Veja bem, é o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E a vida da gente gritando que não.

(Grito de Alerta, Gonzaguinha)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aniversário de um crise de princípios

Em setembro do ano passado, o mundo foi surpreendido por um abalo financeiro sem precedentes em muitas décadas, com a crise financeira internacional sendo colocada às claras. Quando o banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers se declarou em concordata, uma sucessão de quebras, fusões e concordatas foram acontecendo, espalhando um pânico que seria o mote de uma crise estendida a todos os continentes.

A origem da crise foi facilmente diagnosticada. Os créditos hipotecários nos Estados Unidos se multiplicaram, e pipocaram por todo o país os empréstimos de alto risco, levando a uma espiral financeira de valorização de ativos podres. As garras do capitalismo especulativo avançaram sobre riquezas virtuais e os lucros foram criando bens inexistentes, gerando uma fatura quem passava de mão em mão como um mico que mais cedo ou mais tarde cobraria seu valor.

A quebra do sistema foi sintomática e os reflexos vieram na forma de um tsunami que abalou em cadeia as linhas de crédito, gerando desemprego, ruindo o caixa das empresas, refreando investimentos, afetando a balança comercial dos países, mergulhando a economia mundial em um quadro de profunda recessão. As previsões foram as mais sombrias e nem mesmo os maiores especialistas davam conta do receituário a ser adotado para impedir os efeitos desastrosos da crise. A prudência foi a primeira atitude a ser adotada e boa parte da falta de moeda circulante se deu para absoluta impossibilidade de traçar um caminho seguro.

Passado um ano do epicentro da crise, o sistema financeiro apresenta um quadro de desolação e grandes perdas. Aos poucos, as empresas vão se recompondo, o padrão de recessão vai se confirmando para as maiores economias do mundo e a contabilização de prejuízos aponta para uma tendência de normalidade, talvez em cinco anos. Mas a recuperação não aconteceu por acaso. Governos injetaram trilhões de dólares para socorrer bancos e financeiras, evitando que o efeito cascata do prejuízo levasse a uma derrocada geral.

No Brasil, o efeito da crise foi profundo, muito mais que uma marola. A falta de crédito engessou muitas empresas, limitando investimentos e exigindo cortes drásticos de pessoal e despesas. Aos poucos, o reflexo chegou às contas públicas, colocando os governos e administrações diante de um contingenciamento orçamentário forçado, obrigando a rever planos e programas. O estímulo ao consumo, o investimento em atividades produtivas, a liberação de crédito fez reverter a crise em espaço de tempo menor que o esperado e o País comemora o primeiro sinal concreto da reação, com um PIB positivo no segundo trimestre, que pode significar a antecipação do fim da recessão.
Se o horizonte é relativamente otimista, é preciso aprender a lição, repensar o modelo financeiro e valorizar a atividade produtiva e os investimentos em empreendimentos, dando as costas para o especulação predatória.

All At Once, Jack Johnson

All at once
The world can over
whelm me
There's almost nothing that you could tell me
That could ease my mind

Which way will you run?
When it's always all around you
And the feeling lost and found you again
A feeling that we have no control

Around the sun
Some say it's going to be the new hell
Some say it's still too early to tell
Some say it's really ain't no myth at all

We keep asking ourselves
Are we really strong enough?
There's so many things
That we got too proud of

I want to take the preconceived
Out from underneath your feet
We could shake it off
Instead we'll plant some seeds
We'll watch them as they grow
And with each new beat
From your heart the roots grow deeper
The branches, well they reach for what?

Nobody really knows
But underneath it all
There's this heart all alone
What about is gone?
It really won't be so long
Sometimes it feels like a heart
Is no place to be singin' from at all

There's a world we've never seen
There's still hope between the dreams
The weight of it all could blow away
with a breeze
But if you're waiting on the wind
Don't forget to breathe
Cause as the darkness gets deeper
We're sinking so we reach for love

At least something we can hold
But I'll reach to you
From where time just can't go
What about when it's gone?
It really won't be so long
Sometimes it feels like a heart
Is no place to be singing from at all

(All At Once, Jack Johnson)




De repente
O mundo não pode me oprimir
Não tem quase nada
Que você pudesse me dizer
Que pudesse facilitar minha mente

Para que lado você vai correr
Quando tudo está sempre ao seu redor
E o sentimento te perdeu e te achou novamente
Um sentimento sobre o qual não temos controle

Ao redor da música
Alguém diz que será o novo inferno
Alguém diz que ainda é muito cedo para dizer
Alguém diz que realmente não há mito algum
Continuamos nos perguntando
Somos realmente fortes o suficiente?
Há tantas coisas sobre as quais temos tanto orgulho

Eu quero tirar o preconcebido
De debaixo dos seus pés
Nós podemos nos livrar disso
E no lugar nós vamos plantar algumas sementes
Nós vamos as observar enquanto elas crescem
E junto com cada batida do seu coração
As raízes crescem mais profundamente
Os galhos, bem o que eles procuram?
Ninguém realmente sabe

Mas abaixo disso tudo
Lá está esse coração totalmente sozinho
E quando for embora?
Não vai demorar muito
Às vezes é como se um coração
Não tivesse lugar para ficar cantando
Sobre tudo

Há um mundo que nós nunca vimos
Ainda há esperança por entre os sonhos
O peso de tudo pode desaparecer com a brisa
mas se você está esperando no vento não se esqueça de respirar
Porque quanto mais a escuridão se aprofundar
Nós vamos estar naufragando enquanto alcançamos o amor

Pelo menos alguma coisa podemos segurar
Mas eu vou alcançar para você
De onde o tempo simplesmente não pode ir
E quando for embora?
Não vai demorar muito
Às vezes é como se um coração
Não tivesse lugar para ficar cantando
Sobre tudo

terça-feira, 15 de setembro de 2009

He ain't heavy, he's my brother

The road is long
With many a winding turn
That leads us to who knows where
Who knows where
But I'm strong
Strong enough to carry him
He ain't heavy, he's my brother

So on we go

His welfare is of my concern
No burden is he to bear
We'll get there

For I know
He would not encumber me
He ain't heavy, he's my brother

If I'm laden at all
I'm laden with sadness
That everyone's heart
Isn't filled with the gladness
Of love for one another

It's a long, long road
From which there is no return
While we're on the way to there
Why not share

And the load
Doesn't weigh me down at all
He ain't heavy he's my brother

(He ain't heavy he's my brother,The Hollies)

Ele não pesa, ele é meu irmão (tradução livre)

A estrada é longa
Com muitas voltas sinuosas
Isso nos conduz a quem sabe onde
Quem sabe onde

Mas eu sou forte
Forte bastante para carrega-lo
Ele não pesa, ele é meu irmão

Assim nós vamos
O bem-estar dele é a minha preocupação
Ele não é nenhum fardo para agüentar
Nós chegaremos lá

Porque eu sei
Ele não me embaraçaria
Ele não pesa, ele é meu irmão

Se eu estou carregando tudo
Eu estou carregando com tristeza
Pois todos os corações
Não estão cheios com a alegria
Do amor de um para com o outro

É uma estrada longa, longa
Da qual não há nenhum retorno
Enquanto nós estamos a caminho de lá
Por que não dividimos?

E a carga
Não me pesa em nada
Ele não pesa, ele é meu irmão


domingo, 13 de setembro de 2009

Ídolo derrapa nas curvas da esportividade

As atividades esportivas em qualquer modalidade foram desenvolvidas para aferir a capacidade física, estratégica, mental ou de organização em equipes de oponentes, atribuindo um valor de recompensa aos melhores, no melhor espírito olímpico. Através dos esportes, o homem se realiza, estabelece metas, desenvolve sua capacidade de realização e de convivência social.
A profissionalização do esporte foi a forma de dar um caráter objetivo às atividades, ainda que ao custo da perda de alguns dos valores mais autênticos, como o prazer da disputa, a afinidade com o clube e seus símbolos, o respeito às regras e aos limites do próprio corpo, que passou a ser um instrumento preciso a ser moldado para obter maior rendimento.

O mais novo escândalo que aflorou no circo da Fórmula 1 traz uma versão inusitada de um gesto altamente condenável, envolvendo a escuderia Renault e o piloto brasileiro Nelson Piquet Júnior e seu pai, o tricampeão da categoria. A história ainda promete muitos desdobramentos no curso da investigação levada a efeito pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA), mas os primeiros detalhes são sórdidos o suficiente para levantar a indignação de todos contra a atitude antidesportiva, irresponsável, desprovida de um mínimo de caráter que se esperaria de pessoas normais.

Ao ser demitido da equipe francesa, o jovem piloto brasileiro e seu pai intentaram levar à frente a denúncia de que um acidente teria sido forjado para favorecer o primeiro piloto Fernando Alonso. Piquet declarou ter aceito a determinação da equipe para bater seu carro propositadamente, alegando ter interesse em fazer o jogo sujo para facilitar a renovação de seu contrato, então sob risco. De todos os escândalos que enodoam a categoria do automobilismo, esse é certamente o mais grave e revoltante. Não somente por colocar em risco a vida do piloto, fiscais de prova, outros competidores e, eventualmente, até a plateia, o gesto representa a total subversão da lógica do esporte e mostra a que ponto o caráter de algumas pessoas pode capotar numa curva.

Não bastasse a baixeza de ter urdido um plano tão sórdido, os protagonistas avançaram de maneira absurdamente desleal. Conseguiram descer mais um degrau para o fundo do poço da canalhice. Frustrada a intenção de renovar o contrato do jovem piloto, Nelson Piquet, pai, correu à FIA para denunciar Flavio Briatore, negociando a imunidade do filho pela delação. Ocorre que o gesto está longe de representar um rumo de correção ao caso. Presta-se apenas como retaliação por ter os interesses contrariados.

Casos como esse escandalizam e merecem total repúdio. É sabido que o mundo profissional dos esportes não é um conto de fadas de amizades e companheirismo. Mas não deveria ser tão abjeto e irresponsável. Quanto aos atletas e ídolos de todas as modalidades, deveriam se resguardar e cumprir a responsabilidade de serem exemplos, parando de mostrar às novas gerações o cínico apelo de que o importante é sempre se dar bem, não importando o quanto de sujeira e destroços ficarem pelo caminho.

Ressuscita-me


Talvez
Quem sabe
Um dia
Por uma alameda
Do zoológico
Ela também chegará
Ela que também
Amava os animais
Entrará sorridente
Assim como está
Na foto sobre a mesa

Ela é tão bonita
Ela é tão bonita
Que na certa
Eles a ressuscitarão
O século trinta vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias

Agora vamos alcançar
Tudo o que não
Podemos amar na vida
Com o estrelar
Das noites inumeráveis

Ressuscita-me
Ainda
Que mais não seja
Porque sou poeta
E ansiava o futuro

Ressuscita-me
Lutando
Contra as misérias
Do cotidiano
Ressuscita-me por isso

Ressuscita-me
Quero acabar de viver
O que me cabe
Minha vida
Para que não mais
Existam amores servis

Ressuscita-me
Para que ninguém mais
Tenha de sacrificar-se
Por uma casa
Um buraco

Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme
Eo pai
Seja pelo menos
O Universo
E a mãe
Seja no mínimo
A Terra


(O Amor, Caetano Veloso - baseado em poema de Vladimir Maiakovski)

sábado, 12 de setembro de 2009

CPMF ressuscitada


A sanha arrecadatória do governo brasileiro parece insaciável. Qualquer que seja o panorama, surgem os argumentos de sempre, repetidos à exaustão, conclamando a população economicamente ativa a mais uma cota de sacrifício que se soma à espoliação dos recursos das empresas e trabalhadores. Os impostos e taxas extraordinárias estão embutidos em qualquer bem ou atividade, pilhando as riquezas em nome de uma administração financeira caótica e de poucos resultados.
O Brasil já é o país onde mais se trabalha para pagar impostos. A participação oficial nos rendimentos é das maiores do mundo e os resultados são decepcionantes. O governo arrecada demasiado e gasta muito mal, completamente inadimplente em sua responsabilidade de prover os direitos constitucionais dos cidadãos. Não é preciso muita informação, estatísticas e estudos para comprovar que o Estado é absolutamente incapaz de prover educação de qualidade, segurança para todos, saúde em atendimento igualitário e universal, habitação decente para todos os cidadãos, sendo notória a incapacidade de gerir os imensos recursos com probidade, honestidade e eficiência.
Ao longo dos anos, o discurso oficial sempre foi o mesmo, criando novos impostos e taxas para a consecução de projetos importantes ou para apresentar soluções definitivas para problemas históricos, criando a ilusão provisória de que um gesto de sacrifício temporário vale a pena se o objetivo colimado justificar o aporte de recursos. Nem mesmo as sucessivas decepções e revoltas impedem que os bucaneiros oficiais se voltem contra o butim popular.
O Brasil tem antecedentes gravíssimos de engodos tributários. Muitos se lembram com absoluta clareza a criação da famigerada Taxa Rodoviária Única (TRU), que viria substituir todas as cobranças de pedágios e impostos que incidissem sobre o trânsito e propriedade de veículos. O arrecadado não foi aplicado na recomposição das estradas, os pedágios continuam e a taxa permanece travestida de Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA). E o contribuinte é tratado como uma massa ignorante que não tem o pendor de se revoltar contra o pagamento imoral.
Mais recentemente, os brasileiros foram achacados com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), de triste memória, expurgada depois de uma ampla mobilização que pôs um fim à indefinida prorrogação do que deveria ser uma taxa destinada a levantar recursos para a Saúde pública em determinado espaço de tempo. Por muito pouco o governo Lula não conseguiu a sua renovação no Congresso, tamanha a grita geral na véspera de período eleitoral.
A lição não foi aprendida e novamente a tropa de choque presidencialista se movimenta estrategicamente para emplacar uma Contribuição Social para a Saúde (CSS), uma CPMF ressuscitada em sua forma mais perversa, que provavelmente terá o mesmo caráter inútil e explorador de sua predecessora. O assunto promete esquentar os corredores do Congresso e mobilizar a população, que já disse um eloquente não à pretensão do governo de enfiar mais uma vez a mão no bolso dos brasileiros.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Los Hermanos

Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle en la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza delante
Con los recuerdos detrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar

Gente de mano caliente
Por eso de la amistad
Con um lloro para llorarlo
Con un rezo para rezar
Con un horizonte abierto
Que siempre esta más allá
Y esa fuerza pa buscarlo
Con tezón y voluntad
Cuando parece más cerca
Es cuando se aleja más
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar

Y asi seguimos andando
Curtidos de soledad
Nos perdemos por el mundo
Nos volvemos a encontrar
Y asi nos reconocemos
Por el lejano mirar
Por las coplas que mordemos
Semillas de imensidad
Y así seguimos andando
Curtidos de soledad
Y en nosotros nuestros muertos
Pa que nadie quede atrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Y una hermana muy hermosa
Que se llama libertad

(Los Hermanos,Atahualpa Yupanqui)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Motociclistas abusados

O trânsito é um problema recorrente para qualquer governo, instado a adotar procedimentos e investir pesadamente na adequação constante da malha viária, dos sistemas de fluxo de tráfego, ao que se somam o transporte coletivo e a aplicação de normas disciplinadoras. As tarefas têm um caráter absolutamente técnico e fugir dessas responsabilidades apenas agravam situações que devem pautar com prioridade as agendas dos administradores públicos.

Não bastassem os problemas naturais, há ainda o caráter indisciplinado dos condutores, frequentemente flagrados em manobras e ações de contravenções, expondo o caráter de informalidade do comportamento dos brasileiros em geral, que se traduz em alto nível de deseducação para o trânsito. E, neste quadro, destacam-se os motociclistas, a cada ano formando um grupo mais numeroso e relevante para o sistema de trânsito, provocando medidas disciplinadoras e atenção especial em todo planejamento.

As motocicletas são elementos importantes na administração dos sistemas de tráfego. De custo relativamente baixo e com grande mobilidade, são uma alternativa interessante para desafogar os congestionamentos, aliviar a carga de veículos nas ruas, além de, hoje, estarem preparadas para reduzir a poluição urbana. O problema está no acesso de jovens que fazem do veículo um instrumento de rebeldia e alto risco.

As manobras arriscadas de motoqueiros estão se tornando frequentes no dia a dia das cidades. As ultrapassagens irregulares, a agressividade na direção e as barbeiragens que levam risco aos demais crescem em proporção preocupante. As estatísticas confirmam a obviedade da alta taxa de mortandade em acidentes de trânsito com motos, clamando por providências e uma política especial para a modalidade. Os infratores devem ser rigorosamente punidos e submetidos a constantes campanhas de conscientização e educação para o trânsito.

Não se pode é imaginar que a frota sobre duas rodas vai continuar crescendo no ritmo atual sem que o seu tráfego não seja disciplinado com regras claras, seguras e aplicadas com seriedade.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pai e filho


Father

It's not time to make a change,
Just relax, take it easy.
You're still young, that's your fault,
There's so much you have to know.
Find a girl, settle down,
If you want you can marry.
Look at me, I am old, but I'm happy.
I was once like you are now, and I know that it's not easy,
To be calm when you've found something going 'on.
But take your time, think a lot,
Why, think of everything you've got.
For you will still be here tomorrow, but your dreams may not.

Son

How can I try to explain, when I do he turns away again.
It's always been the same, same old story.
From the moment I could talk I was ordered to listen.
Now there's a way and I know that I have to go away.
I know I have to go.

Father

It's not time to make a change,
Just sit down, take it slowly.
You're still young, thats your fault,
There's so much you have to go through.
Find a girl, settle down,
If you want you can marry.
Look at me, I am old, but Im happy.

Son

away away away, I know I have to
Make this decision alone - no
All the times that I cried, keeping all the things I knew inside,
It's hard, but it's harder to ignore it.
If they were right, I'd agree, but it's them you know not me.
Now there's a way and I know that I have to go away.
I know I have to go.

Father

Stay stay stay, why must you go and
Make this decision alone?

(Father & son, Cat Stevens)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Terra

Uma bola imensa, enorme
Como uma mulher excitada
Que se mexe toda e devagar,
Buscando o prazer em cada célula
Que somos nós

Nós nos mexemos, agitamos
Para que o sangue dela ferva
e exploda num orgasmo infinito
como o Sol

Petróleo na camada do pré-palanque

A descoberta de uma jazida extraordinária de petróleo no nível do pré-sal é um acontecimento capaz de alterar a ordem natural das coisas, acenando ao País com a transformação do sistema de abastecimento de combustível fóssil e propondo uma transformação na economia tão profunda quanto os blocos a serem explorados. O Brasil deu um importante passo neste sentido, ao confirmar a descoberta de petróleo entre as bacias do Espirito Santo e São Paulo, com baixo risco de exploração, o que exige uma tomada de posição firme em relação aos procedimentos e normas que vão regular o modelo exploratório e compensador.

O lançamento oficial do programa do Pré-sal foi tomado pelas cores políticas. A cerimônia não poupou o tom eleitoreiro, com o ministra Dilma Rousseff à frente, e o discurso de Lula de forte teor nacionalista, remetendo ao movimento O Petróleo é Nosso, dos anos 50, que culminou na criação da Petrobras. O bordão “O petróleo e o gás pertencem ao povo e ao Estado” foi exaustivamente explorado, tendo sido mencionado várias vezes em discursos, transformando-se no bordão nacionalista do lançamento da campanha.

Passada a euforia do anúncio do novo tempo para a indústria petrolífera nacional, restam as críticas ao modelo apresentado. Pela importância e dimensão da questão, fez falta um maior debate com a sociedade e espaço para ajustes. Estados e municípios ficaram alijados da distribuição do dinheiro e certamente haverá uma grita geral. Teria sido muito mais proveitoso se o governo tivesse a preocupação de disciplinar um setor que sofrerá profunda transformação antes de se apropriar de um fato tecnológico como se fosse conquista pessoal.

Are you experienced?


If you can just get your mind together
then come on across to me
We'll hold hands and then we'll watch the sunrise
From the bottom of the sea
But first, are you experienced?

Have you ever been experienced?
Well, I have(well) I know, I know, you'll probably scream and cry
That your little world won't let you go
But who in your measly little world,
Are you tryin' to prove to that you're
Made out of gold and cant be sold
So are you experienced?

Have you ever been experienced?
Well, I have
let me prove it to you, yeah
Trumpets and violins I can hear in the distance
I think they're callin' our name
Maybe now you can't hear them,
But you will, ha-ha, if you just
Take hold of my hand
Oh, but are you experienced?

Have you ever been experienced?
Not necessarily stoned, but beautiful

(Are you experienced?, Jimi Hendrix)