segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Oportunidade de um recomeço político


A consciência política é um longo processo que implica na experiência de todos os envolvidos, no conhecimento histórico, a capacidade de estabelecer relação entre o modo de vida de uma sociedade e a atuação de seus representantes. A manipulação das massas acabou por se tornar um instrumento nas mãos dos maus políticos, hábeis em criar estereótipos que confundem os eleitores mais simples e os ajudam a se perpetuar no poder sob falsas promessas e discursos vazios.


Os brasileiros desacostumaram-se a trazer a política para a conversa do dia-a-dia, criando um modelo de alienação que se reforçou no período da ditadura militar e anulou a criação de muitas lideranças e espaços para a militância. Os partidos mudaram, a legislação eleitoral passou por vários percalços até que se chegasse a um modelo de pluripartidarismo discutível, onde a ideologia e a fidelidade são meras citações em programas que mais parecem peças de ficção.

As últimas eleições foram marcadas por uma enorme expectativa dos eleitores, finalmente amadurecidos diante da avalanche de denúncias de corrupção, envolvimento de políticos em falcatruas e escândalos, além da crônica omissão diante de todos os grandes debates nacionais. Os políticos distanciaram-se de tal forma da sociedade que amargam o pior conceito que se lhes pode atribuir.

Em todo o País, as Câmaras e Prefeituras estão inaugurando uma nova fase política. É também a oportunidade de reafirmar compromissos de desempenhar o serviço público com lisura e transparência, buscando resgatar um prestígio e uma representatividade que se perdeu na lama das denúncias e comprovação de desvio de verbas e funções.

O saldo trazido da passada composição do Legislativo não recomenda muito otimismo, embora tenha havido significativa mudança no quadro de vereadores. Houve momentos em que a vergonha pública atingiu índices escandalosos, salvando-se poucos nomes que honraram minimamente a confiança dos eleitores. No mais, foi uma sucessão de escândalos, de acusações, de baixa política de negociatas, que só não tiveram maiores consequências por conta do corporativismo que blindou a ação fiscalizadora e moralizadora.

O momento é de mais do que expectativa. É de apreensão diante dos primeiros passos a serem dados nesta legislatura, que poderão ser um bom indicador do que virá pela frente nos próximos quatro anos. O amadurecimento dos eleitores tende a concentrar o foco nas ações dos políticos, aumentando o nível de cobranças no sentido do restabelecimento da verdadeira representação popular.


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