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O Programa foi articulado pelo secretário Nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannucchi, que assimilou com perfeição todo o ranço de um grupo instalado no poder, ansioso em impor pontos de vista e reformas que ferem o consenso nacional. As manifestações de protesto vieram de todos os lados. A Igreja Católica subiu o púlpito para censurar a tentativa de legalização do aborto; os militares inssurgiram-se contra a tentativa revanchista de revogar a Lei da Anistia e promover a caça às bruxas do período da ditadura, excluindo os criminosos de esquerda; a imprensa e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) levantaram a questão de ordem da censura e controle da informação. A reversão da ordem ficou patente em questões que levam insegurança jurídica a setores essenciais, como o agronegócio, colocado com todas as letras como origem de todos os males e da exploração no campo.
O polêmico programa coloca como pedra de arrimo a todas as questões o assembleismo presente em todas as gestões petistas mais retrógradas. Com o pretexto de ouvir grupos representantes da sociedade, articula reuniões onde são tiradas as falsas conclusões endossadas por grupos sectários, assumidas como reivindicações da comunidade. Um vício de conceito que espelha o que foi a farsa do Orçamento Participativo, instrumento político para legitimar favorecimentos sectários e endossar o que seria a competência natural dos administradores. Assim nasceu o Programa Nacional dos Direitos Humanos, que em muitos aspectos não reflete o pensamento da sociedade.
Lula goza de prestígio inconteste e, aparentemente, inabalável. Sua proeminência é fundamentada na fábula construída de um operário que chega ao poder, cheio de boas intenções e programas sociais inéditos. Em verdade, ele navega nas águas calmas de uma herança bendita que lhe assegura uma confortável estabilidade econômica, uma base estacada para o desenvolvimento e uma política que levou o Brasil à sua vocação de um país do presente. Usar esse prestígio para inverter a ordem institucional é um risco e uma ameaça. É jogar o país em uma crise absolutamente inoportuna e sem necessidade.
Esperto, Lula trata de inverter o jogo, tirando a responsabilidade de suas costas e de sua candidata Dilma Rousseff. Ele prefere alegar que não leu o projeto assinado a vergar sob acusações de totalitarismo.
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