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A sucessão de escândalos, escancarando a corrupção no País de uma forma absolutamente clara, colocou os eleitores em estado de alerta, passando a exigir das instituições um modelo de ação prática e incisiva, que não deixe brechas sobre a capacidade de autofiscalização e regulamentação das instituições. O povo não suporta mais ver triunfar os corruptos, que seguem em sua empáfia e impune arrogância.
Ao se afinarem os discursos da campanha eleitoral do próximo ano, aos poucos vão se apresentando as respostas que os eleitores querem ouvir, montando o espetáculo das campanhas preparadas por diligentes marqueteiros, que criam os candidatos ideais no imaginário popular. Antecipando o que certamente será uma tendência básica, o presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) lançam a proposta de um ataque frontal às raízes da corrupção e de um sistema político distorcido.
Em uma das propostas, Lula enviou ao Congresso um projeto de lei tornando hediondos os crimes de corrupção ativa e passiva, peculato e concussão – três faces da mesma moeda. Uma atitude interessante, pois joga sobre os políticos um pesado ônus para os crimes de colarinho branco, ainda que o problema maior no Brasil não seja a criação de novas leis, mas a correta e ágil aplicação das existentes, sem compadrio e protecionismos.
Outra proposta gestada no seio do PT é a realização de um plebiscito nacional para a convocação de uma Constituinte exclusiva, incumbida de promover a reforma política. Aí se evidencia o caráter eleitoreiro dos petistas, que pretendem lançar a ideia na convenção que confirmará o nome de Dilma Rousseff como candidata oficial do partido. A intenção maior é resgatar o conceito de que o PT é um partido alinhado com a ética e a sobriedade, aproveitando-se da ingenuidade de um povo com lapsos de memória política.
Para quem espera uma resposta prática e objetiva, o discurso é decepcionante. Não se pode apostar as fichas em um projeto de lei que aumente o controle sobre a corrupção sendo votado no Congresso Nacional, o centro emanador de todo o debate. E a falta de objetividade na pauta de uma Constituinte pode transformar a proposta em apenas mais um balão de ensaio a ser aquecido por alguns meses e colocado de lado ao fim do segundo turno eleitoral.
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