segunda-feira, 16 de março de 2009

Poderia, de Anita Motta



Poderia eu dizer-te da noite, interminável noite que afastou o dia.
Poderia dizer do dia, sol ofuscante a queimar entranhas e sentidos...
Poderia dizer do coração que se fez nó e se atou na cama silente e fria.
Ou do nó que estrangulou e se tornou vida!

Poderia...
Ah, tanto poderia!
No entanto, engasgo com o não dito, vago ao léu com o que já foi.

Passo ao longe de todos os véus... e quando os toco é apenas
para fazer mais belas fantasias...
Branca odalisca me torno, com a graça enfeitada de lenços
que ao vento escoaçam, fascinam...

Deixo ao largo essa magia. Busco luas de metal, faço estrelas-poesia.
Vejo ao longe a poeira que ficou em campos e vales, os verdes e negros vales dessa longa vida...
Canto novas canções, atualizo os "poderia"
Singro outros mares, infinito oceano que sou.

(Poema de Anita Motta)


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