terça-feira, 3 de março de 2009

Dilma e os palanques eleitoreiros


A dinâmica dos processos eleitorais obviamente não se restringe ao curto período em que se definem oficialmente os candidatos, fica liberada a campanha nas ruas e os eleitores são chamados a escolher os nomes dos políticos que ocuparão os cargos públicos eletivos. A grande maioria dos postulantes tem um histórico que os credencia a receber a procuração cívica de representar parcela da sociedade. Poucas exceções subvertem esta ordem, geralmente protagonizadas por celebridades instantâneas que caem no imaginário popular.

Com uma antecipação que chega a ser surpreendente, a campanha para a eleição presidencial em 2010 já tomou as ruas, com um agenda ditada pela urgência de Lula apontar um sucessor que possa capitalizar o altíssimo índice de aprovação popular que desfruta. O presidente aposta suas fichas na figura da ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que saiu do anonimato para o espaço político em operação cuidadosamente articulada de dentro do Palácio do Planalto, que incluiu a locação em cargo de projeção, mudança de vestuário e até cirurgias plásticas que a fizessem parecer menos rude e agressiva, herança de um tempo de radicalismo ideológico e luta armada.

A passagem do presidente pela região, trazendo a candidata ungida a tiracolo, cumpre um ritual que é repetido à exaustão por todo o País na mais franca e desfaçada campanha pela sucessão, atropelando a legislação eleitoral, a atenção de juízes e o discernimento de eleitores. A visita tem pretexto de inaugurar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) utiliza o caráter oficial como fachada para a exposição midiática da que Lula agora chama a "mãe do PAC", que em verdade também não passa de um efeito de marketing para um cronograma de obras.

Se os olhos de censura recaem sobre a desfaçatez do presidente, deitam-se também sobre o governador de São Paulo, José Serra, useiro em aparições em eventos, feiras e manifestações até fora do Estado, sem poder negar efeito eleitoreiro, ele que é o virtual candidato do PSDB ao Executivo nacional e grande articulador de uma indefinida oposição que ainda negocia apoios entre todas as siglas possíveis, em especial o sempre disponível PMDB.

Os eleitores poderiam ser poupados do uso de palanques e do aliciamento de prefeitos, onde não se pode negar o esforço de projetar ao máximo uma estrela que ainda prescinde de brilho próprio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Se FHC se autoproclamou "Pai do Real" com endosso da mídia engajada, por que Dilma não faria o mesmo, como "Mãe do Pac"? Lembremos que o Plano Real foi parido no governo de Itamar Franco com Rubens "O Que É Ruim A Gente Esconde; O Que É Bom A Gente Divulga" Ricúpero à frente do Ministério da Fazenda. Ricúpero "caiu" e deu lugar a FHC depois que "confidenciou" ao jornalista da Globo Carlos Monforte a patacuada que cito aqui entre seu nome e sobrenome. Acredite quem quiser que a Globo, com toda sua tecnologia e competência, não sabia que o "papo informal" antes da entrevista para o Bom Dia Brasil não estava "vazando" via parabólicas. Tem coisa que contagia na política. Por exemplo, Fernando Gabeira defender a vida inteira a descriminalização da maconha para, agora, FHC escrever artigo fazendo a mesma coisa. Política brasileira é essa m. mesmo.