segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Violência que não cabe no esporte

Os últimos finais de semana foram marcantes para o esporte brasileiro. Poucas vezes um torneio das dimensões do Campeonato Brasileiro de futebol conseguiu auferir tanto interesse e entusiasmo de torcedores, atraindo uma audiência extraordinária para as rodadas finais. Foram momentos decisivos para diversos clubes com verdadeiras chances de chegar ao título máximo do país, outros disputando a classificação para outros torneios, ou ainda a luta contra o rebaixamento, em sucessão de jogos que mexeram com a emoção dos torcedores. Mesmo para aqueles pouco afeitos ao esporte, não faltou o interesse ou curiosidade.

As rodadas decisivas suscitaram disputas intensas e acirraram a rivalidade entre as torcidas, normalmente colocadas em situação de confronto. E não faltaram também as lamentáveis cenas de violência que estão se tornando rotineiras em dias de jogos. De uma forma inusitada, o que aconteceu em Curitiba chocou a todas as pessoas pela forma bárbara e insana com que alguns torcedores depredaram o estádio, agrediram árbitros, jogadores, auxiliares, em atos de bandidagem que não encontram o mínimo respaldo na razão. Ao ver concretizado o rebaixamento de seu time para a Série B do próximo ano, cerca de 200 torcedores invadiram o campo para protagonizar cenas de absurda violência, deixando um rastro de destruição, feridos e bagunça, dentro e fora do estádio.

Nem mesmo a comemoração pela conquista do título de campeão foi amena. Cenas brutais de brigas entre torcedores flamenguistas mostram que a intolerância e o descontrole não dependem dos resultados dentro de campo, mas estão nas mãos de torcidas que mais parecem quadrilhas que frequentam os jogos apenas como pretexto para extravasar seu caráter violento.

De todos os esportes que podem ser motivadores, o futebol é certamente o que envolve mais comunidades ao redor de todo o mundo, criando gerações sucessivas de abnegados torcedores e propiciando uma estrutura global que oscila entre a paixão e um mundo de negócios bilionários. O meio esportivo jamais obteve tamanha projeção quanto atualmente, com os clubes empresas, os contratos fabulosos, a venda de equipamentos, publicidade e direitos de transmissão, numa roda financeira acima de muitos empreendimentos. O futebol é simultaneamente a alegria e um grande negócio.

Diante das barbaridades repetidas neste final de semana, nenhum aspecto subsiste inalterado. Não pode haver alegria diante de uma torcida descontrolada, insana, violenta e incapaz de pensar, colocando em risco os árbitros, jogadores, auxiliares, funcionários dos clubes, jornalistas, as torcidas, todos aqueles que buscam o verdadeiro espírito do esporte. Tampouco o caráter profissional e empreendedor resiste a fatos lamentáveis como esses, que devem ser banidos dos estádios com medidas de segurança e controle.

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