quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Uma guinada bolivariana

Entre acertos e desacertos, dimensionados pelos críticos e simpatizantes, o governo Lula introduziu uma nova forma de governar, com ênfase populista, de discursos baratos e frases de efeito, que nem sempre evidenciam o que deveria ser um programa efetivo e claro de governo. Na pregação tosca, permeada de metáforas, os grandes debates nacionais ficam em segundo plano, uma situação sustentada apenas pela momentânea navegação da economia em céu de brigadeiro.

Se o Brasil apresenta mudanças sintomáticas e o presidente alcança altíssimos índices de aprovação, também é verdade que as posições políticas mais controvertidas e que exigem mais atenção não são percebidas totalmente. Em muitos setores, a política lulista deixa transparecer as verdadeiras intenções de seus mentores, que prudentemente jogam nos bastidores as partidas mais elaboradas. Um dos exemplos é a crescente bolivarização da política brasileira, articulada por seus assessores mais diretos e pela eminência parda de José Dirceu, principalmente.

Vários são os sinais da guinada brasileira no sentido de uma integração a um pífio projeto articulado pelo presidente Hugo Chávez, com profundas raízes na ilha de Cuba. A bolivarização da América Latina é um projeto exdrúxulo, por isso mesmo apoiado em retóricas fascistas e populistas, bem ao gosto do tiranete venezuelano. A recorrente discussão sobre a validade de prorrogação de mandatos presdenciais é uma constante que já aportou nos projetos políticos brasileiros. Rechaçada a hipótese, as cartas foram prudentemente recolhidas em favor de uma candidatura imposta pelo próprio presidente Lula ao seu partido.

O perfil das relações exteriores brasileiras mostra o quanto o País caminha no sentido inverso de um alinhamento de interesse econômico consubstanciado em apoios e reconhecimentos políticos. Emblemática a posição de abrir as portas ao governo tirano de Muhamad Ahmadinejad, para o qual as grandes nações viram as costas. O caso de Honduras também mostra um Brasil submisso aos extertores histriônicos chavistas,que rsultou em um impasse altamente inconveniente.

Pagar mais pelo gás boliviano que o consumidor brasileiro não consome é uma alta fatura que deverá ser explicada no futuro, quando se dissiparem as sombras do favoritismo de Lula. A inserção da Venezuela no desfalecido Mercosul foi um golpe de misericórdia no que poderia ser a formação de uma forte união. Permitir a ingerência de um vizinho que nada tem a oferecer como membro com poder de decisão, é um passo que pode colocar uma pá de cal no grupo.

Para arrematar, todas as tentativas de controle da opinião pública, estabelecendo amarras para os veículos que se oponham aos regime, são formas comuns em todos os países da região. E até no Brasil tentou estender os tentáculos de um controle da imprensa através de uma radical conferência, convocada pelo próprio governo para que a sua claque destilasse intenções de manipular e censurar o noticiário.

Mais que intenções, esses movimentos estão perfeitamente articulados e pode-se perceber suas raízes onde germina a semente de uma retrógrada e datada revolução bolivariana.

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