sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Imbecis e programas assistencialistas

Quando as disparidades sociais se agravam profundamente, há a necessidade da intervenção assistencialista da sociedade, através de seus mecanismos oficiais e informais, despertando nas pessoas o senso de benemerência, as ações de voluntariado e o desenvolvimento de programas que atendam à clientela em situação de risco. É correto o provérbio da necessidade de se ensinar a pescar e não dar o peixe, mas não se pode negar o caráter de urgência que certas situações encetam, providenciando o suprimento da fome até que as pessoas possam dominar a técnica da pescaria.

O Brasil vive um momento especial de segurança econômica, equilíbrio financeiro, decorrente de políticas que têm garantido um patamar firme para o crescimento e acumulado algumas reservas que podem ser revertidas em projetos de desenvolvimento. Em contrapartida, sustenta ainda desconfortáveis índices de indigência social, de grande parte da população em situação de fome, alijada de quaisquer benefícios ou assistência mínima de saúde, educação, trabalho e moradia.

Surgiram no País programas oficiais de promoção social, através da distribuição de bolsas que foram incorporadas pelo governo Lula com o nome único de Bolsa Família, providencialmente surgido no contexto político para substituir o impulsivo e demagógico Programa Fome Zero. Desde então, o uso eleitoreiro do programa tem sido uma constante, rendendo frutos mensuráveis ao presidente. Também não faltam as críticas de especialistas, que entendem ser um mecanismo assistencialista e demagógico, com sérias consequências no futuro.

Na semana passada, mal contendo o seu destempero verbal, o presidente Lula anunciou o reajuste das verbas pagas pelo programa, ao tempo em que agrediu os críticos, chamando de imbecis e ignorantes os que apontam que a distribuição de verbas sem cuidados pode levar os beneficiados à indolência. Não surpreende que o iletrado presidente se manifeste de maneira inconsequente, o que, por sinal, não cabe a um chefe de Estado. Também tem sido corriqueira a mania de fazer análises simplistas de problemas e questões sérias, algumas vezes com metáforas que ultrajam a mínima inteligência de seus interlocutores mais críticos. O que vale, para Lula, é ter um canal populista aberto com a população mais humilde, que aceita seus argumentos superficiais passivamente.

O programa Bolsa Família tem seus méritos. Atende, em grande parte, a uma população que por muito tempo não teve a oportunidade de firmar-se e que depende visceralmente de dinheiro para garantir alguma refeição diária. Voltado às comunidades extremamente carentes, cumpre sensível função social de prover sustento até que possa realmente viver por conta própria. O que se critica, fundamentalmente, é a falta de alicerces mais seguros de ascensão social, que excedam o mero gesto de esmola.

Mas não se espera que Lula compreenda a extensão e consequência de suas ideias, mais voltadas a encontrar justificativas para os escândalos que o cercam e proteger seus pares, do que definir um perfil realmente digno para o País.

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