quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Soneto das doze e das dez sílabas

Descompassado, cruzo o espaço de teu tempo
Destemperado, forjo o tempo em teu espaço.
A noite cria formas, ao relento,
Descortinando anseios, que refaço.

A madureza desce e ao fruto tendo
Em tudo o que passei, a cada passo,
Desenterrando a messe, no seu tempo,
Num tempo que se mede sem espaço.

Mormaço. Feito d’aço. Sempre escasso.
Não descobri, não desvendei e nem desvendo.
Silencio de ti mesmo, em toque lasso.

Aquele mesmo toque, cor do vento,
Que não venta e cobra todo o espaço,
Quando a verdade eterna faz o tempo.

(Soneto das doze e das dez sílabas, Ives Gandra da Silva Martins)

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