terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Agressão às minorias


Uma sociedade é tão evoluída quanto consegue harmonizar suas diferenças, espelhando as diferenças sociais, culturais e étnicas em um caminho pavimentado pela tolerância e pelo respeito entre as pessoas, promovendo ações comuns que contemplem todos os interesses sem distinção. O tratamento equânime é a segura regra que garante a igualdade de direitos e ganhos, sem que se faça julgamento prévio ou preconceito.


Diferenças raciais e religiosas costumam pautar atos de violência absoluta, na tradução na brutal da intransigência e da falta de diálogo, contrapondo culturas e tradições adversas, que dificultam a convivência para aqueles incapazes de admitir a possibilidade de outros serem apenas diferentes e com os mesmos direitos de exercer seus credos, atitudes e costumes transmitidos por gerações. Esses comportamentos deságuam em perigosos conflitos e exigem extraordinário esforço de intervenção para equilibrar os interesses e evitar males maiores.

A intransigência e a falta de um senso ajustado de civilidade pode produzir efeitos em escala menor, mas nem por isso menos trágicos. É o caso reincidente de jovens que se acobertam no anonimato dos grupos de relacionamento e passam a agredir pessoas que destoam de seu padrão. Têm sido notícia freqüente os casos de jovens de classe média que agridem brutalmente mendigos, prostitutas, índios e mesmo outros jovens, geralmente em eventos registrados na madrugada.

Em todos os eventos, é perceptível não apenas a crueldade expressa nas agressões, que extrapola qualquer limite da razão humana, mas a falta de um sentimento de culpa e responsabilidade, como se não fossem necessários o respeito e o cuidado com a integridade alheia. A consciência egocêntrica dos agressores mostra um lado perverso da educação atual, que privilegia a satisfação de impulsos a qualquer custo, o uso do meio como instrumento de realização pessoal e pouca interação humanista. Prevalece o individualismo em sua maior configuração, onde o vizinho é apenas coadjuvante.

Não raro, esses sentimentos são compartilhados pelos próprios pais, rápidos em minimizar os efeitos danosos do gestos dos filhos e as conseqüências de seus atos, como se espancar, atear fogo, atirar objetos ou mesmo ovos de sacadas de coberturas fossem brincadeiras inconseqüentes, inspiradas no horror da ficção Laranja Mecânica, ignorando que na extremidade oposta fossem outros seres humanos.

Esses gestos merecem o repúdio de toda a sociedade. Não são engraçados e nem se justificam os atos de barbárie que dissimulam o abandono a que foram relegados os jovens, ávidos por chamar a atenção ou projetar-se melhores do que devem ser. O nível de exigência sobre eles projeta valores e necessidades errados, distorcidos em uma visão de mundo pequena e desprezível. É preciso que a educação para a civilidade seja resgatada para extirpar a intolerância do meio social.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pais omissos, afundados na rotina do eu, eu, eu e os outros, explicam parte da barbárie da juventude. Eles, que têm medo do conflito com os próprios filhos, pois não querem perder tempo com instruções e orientações, não sabem o valor da palavra "não". Quando dita com amor, este monossílabo tem força que dura para sempre.