domingo, 5 de outubro de 2008

Dia D, de democracia

Foi um longo período em que os candidatos se lançaram à corrida para a composição das novas Câmaras de vereadores para os próximos quatro anos, e colocaram-se para dirigir os municípios à frente do Executivo. Em muitos casos, a experiência não é nova, tanto para o acerto quanto para a derrota da maioria, travando-se verdadeiras batalhas para se tornar conhecido, colocar suas propostas na mesa, agradar a sensibilidade do eleitor, mostrar-se apto para o ato supremo de representar parcela da sociedade. Vencido o prazo, a decisão cai inteiramente nas mãos dos cidadãos, conclamados a comparecer às urnas para opinar sobre o destino de suas comunidades.
Os candidatos aguardam agora os resultados das urnas eletrônicas. O veredito será promulgado e deverá espelhar integralmente a vontade popular. Por mais que se possa apresentar críticas à composição final das casas legislativas e à posse dos novos prefeitos, há que se respeitar os resultados, mesmo que reflitam o lado menos politizado do povo que forma esta Nação. A depuração deste conceito somente acontecerá com a conscientização popular e o efetivo engajamento da maioria no sentido de melhorar o depauperado quadro político brasileiro.
O exercício do voto é um direito, mais que uma obrigação, uma conquista árdua, aperfeiçoada através de erros e acertos, superação de períodos de exceção, doutrinamento ideológico da população, desenvolvimento do espírito crítico que desemboca no respeito incondicional à vontade popular. O voto livre, secreto e universal é uma conquista que as novas gerações talvez não avaliem a que custo foi obtida. Irreversível no contexto democrático pleno, a consulta da vontade popular deve ser exercida com serenidade, organização e acesso irrestrito facilitado a todos. O cumprimento da legislação eleitoral dá o tom de seriedade que se espera no desenrolar do processo.
Aos eleitores, cabe a responsabilidade de manifestar sua vontade com consciência e convicção. As campanhas se prestaram a apresentar os candidatos, seus projetos, propósitos e qualidades. A cada um cabe o papel de juiz das intenções e o exercício da confiança. É preciso ter em mente que a outorga de um mandato por quatro anos é decisiva para que os municípios caminhem no sentido de suas vocações. Eleger pessoas despreparadas para os cargos em disputa é ajudar a perpetuar o estado de coisas que hoje escandaliza os cidadãos que realmente se importam com o destino da sociedade.
Cabe lembrar ainda que o voto tem força e conseqüência. Na eleição, pavimenta-se o caminho do futuro e se fortalecem as alianças que se consolidarão daqui para a frente. É a oportunidade de dizer não a todos os identificados com a incompetência, a leniência, a corrupção, aqueles que na vida pública se mostram enganadores, dissimulados, arrogantes. É dizer não aos esquemas, aos favorecimentos, a indissimulada vocação para o proveito próprio. É, enfim, começar a reescrever uma história que poderia ser melhor do que já se viu.


(Editorial Correio Popular, 5 de outubro)

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