quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A dengue, de novo


O clima brasileiro não tem as rígidas marcações de cada estação, havendo intervalos tão irregulares quanto imprevisíveis são as variações climáticas. O que é certo é que, com a chegada do tempo das chuvas e do calor, uma ameaça se restaura sobre a saúde das pessoas: a dengue. Adormecida pelo período de não proliferação do mosquito transmissor, a doença ainda é um risco a que todo brasileiro está sujeito, enfrentando sérias dificuldades do que poderia ser um combate da maneira mais simples, com a limpeza e saneamento.


O Ministério da Saúde desencadeou uma campanha em nível nacional para promover ações para conter a epidemia neste segundo semestre. Com a edição do Mapa da Dengue no Brasil, listou as cidades onde as infestações foram mais notadas e onde os esforços de contenção serão mais intensos.

É surpreendente que, em pleno século 21, com a multiplicação de recursos de informação e estrutura de saúde, ainda se tenha que conviver com uma doença que requer apenas atenção, higiene, cuidados básicos e saneamento. Segundo estudo da Secretaria de Estado da Saúde, a localização de focos do mosquito está em pratos e vasos de plantas com água em 28,9% dos casos. Materiais inservíveis como pneus usados, vasilhas, entulho, plásticos descartados, são responsáveis por outros 13,1% dos locais que deram positivo para o vetor da dengue no Estado. Esses dados reforçam a tese de que muitos dos casos de dengue poderiam ser evitados com simples atitudes de cidadania e colaboração com as autoridades.

Não bastasse a insensibilidade de grande parte da população em atentar ao risco de contaminação que não tem limite geográfico ou classe social, há ainda a irracional relutância em permitir o trabalho dos agentes de saúde na fiscalização e orientação nas casas. São bem-vindas as leis como as que autorizam a entrada de funcionários da Vigilância Sanitária em residências diante da resistência de proprietários ou impõem responsabilidade às imobiliárias diante de imóveis vazios. O que não é compreensível é uma região que ostenta um alto padrão de vida, de responsabilidade social e influência ter que se sujeitar ao risco de uma doença que poderia ter sido erradicada com ações simples e baratas de civilidade.

(Editorial Correio Popular, 16/10)

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