quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O risco para motociclistas


Acidentes de trânsito acontecem por imperícia dos motoristas ou pela má conservação dos veículos. Por mais desenvolvida que seja a tecnologia sobre rodas, o fator humano dá a proporção de mortes e lesões graves, numa cruel estatística que expõe a fragilidade de todos os sistemas de segurança diante da imprudência e irresponsabilidade.


Em se tratando de motociclistas, o risco é multiplicado pela própria exposição do piloto, que se lesiona em 69% dos casos de acidentes, enquanto em carros o índice não passa de 15%. A natureza da condução de motocicletas é suficiente para sugerir uma regulamentação diferenciada para o setor, visando proteger os condutores e trazer um pouco de paz no trânsito.

Várias são as causas apontadas por especialistas para o alto risco de acidentes. A característica altamente vulnerável do veículo é, por óbvio, agravante em qualquer análise de segurança. Mas há que se considerar o amplo contingente de pilotos recém habilitados, sem domínio completo do equilíbrio dinâmico da moto. O resultado é invariavelmente o tombo, algumas vezes sem maiores conseqüências.

Neste quadro, destaca-se a função do motoboy, profissional apontado como o grande vilão do problema e responsáveis pela confusão no já caótico trânsito das grandes cidades. Alguns fatores agravam a situação dos entregadores expressos sobre duas rodas: normalmente, muitas motocicletas utilizadas no serviço estão à beira do sucateamento; e não há como negar que o comportamento deles ao conduzir o veículo não é nenhuma referência de direção defensiva. São imprudentes e agressivos.

O fato de haver uma carga desumana de trabalho para estes profissionais não atenua a gravidade da ação deles no trânsito. Há ainda empresas que propagam com orgulho que as entregas em domicílio são feitas com rapidez extrema, forçando a que estes motociclistas se superem em agressões ao código de trânsito para cumprir suas tarefas.

A anunciada regulamentação do setor, prevista para meados de março pelo Secretário de Transportes, deve contemplar uma razoável e necessária discussão sobre uso de equipamentos completos de segurança individual, bom estado de conservação dos veículos, cadastramento das empresas prestadoras de serviço de transporte, trabalho de reciclagem educativa sobre normas de trânsito.

Mais do que isto, todo esforço neste sentido deve contribuir para a mudança de um conceito inadmissível: o trânsito não é uma guerra, é um palco de convivência que, assim como tantos outros, deve ser normatizado pelo respeito, tolerância e pela busca constante da paz.

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