sábado, 17 de janeiro de 2009

Lampejos da esquerda ultrapassada



A chegada de Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores e seus aliados ao poder trouxe uma série de transformações importantes na política brasileira, menos que os alarmistas esperavam com a ascenção da esquerda e menos que seus correligionários gostariam de ver realizado. Em meio a acertos, contradições e graves denúncias, o grupo que se aboletou no poder avançou em algumas áreas, transformando o cenário das relações, introduzindo algumas práticas que causam estranhamento no meio brasileiro. O novo governo, já em seu segundo mandato, segue a trilha continuísta que tem garantido um País com economia estabilizada, instituições sólidas, ocupando espaços importantes na nova ordem globalizada.


As mais criticadas ações estão justamente na tendência esquerdizante de fazer política. Em lampejos obscuros, a ideologia se sobrepõe à serenidade exigida pelos cargos e os responsáveis derrapam em atitudes e julgamentos marcados por posições extremas, fundamentadas em experiências pessoais, em flagrante complacência com delitos e deslizes de companheiros, em camaradagem que se antecipa ao maior interesse nacional.

O recente episódio do asilo político a Cesare Battisti, concedido pelo ministro Tarso Genro unilateralmente, colocou o Brasil em rota de colisão diplomática com a Itália, onde o terrorista é condenado à prisão perpétua por quatro homicídios. Contrariando decisões consolidadas da Justiça italiana, da França e da Corte Europeia de Direitos Humanos, o Brasil dá abrigo a um criminoso sob alegação de defesa de seus direitos. É mais um passo dado à esquerda, como a justificar a ação do grupo Proletários Armados pelo Comunismo que promoveu ações terroristas extremas nos anos 70.

Antes, estes lampejos foram responsáveis pela extradição sumária dos boxeadores cubanos, repatriados em tempo recorde, pelo tentativa de expulsão do jornalista do New York Times, além de uma canhestra política de aproximação com governos como os de Evo Morales e Hugo Chávez, este um ditador travestido de democrata. Soma-se ainda a indústria das indenizações pagas a pretensos perseguidos da época da ditadura militar, com milionários e questionáveis processos.

Não se pode dizer que o governo brasileiro tem postura esquerdista, até porque Lula confessa não ser ideologizado a este ponto.
Mas alguns de seus assessores, talvez por vício histórico, insistem em tomar atitudes que entregam resquícios de uma formação mais radical, como o próprio ministro Tarso Genro, que insiste em trazer à discussão a questão da tortura no Brasil, o ex-assessor para Assuntos Internacionais Marco Aurélio Garcia, o ex-Chefe da Casa Civil José Dirceu e sua sucessora, Dilma Rousseff, todos com passagens pela luta armada em tempos distantes, que parecem resistir às mudanças e tentar ressuscitar fantasmas que até a esquerda mais moderna tenta deixar arquivados nos escaninhos do passado.

(Editorial Correio Popular 17/1)

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