quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A morte rondando os céus


Os riscos fazem parte da vida dos seres humanos, frágeis diante das dificuldades e percalços a serem cumpridos. A todo instante se deparando com a sombra da morte e da agressão, as pessoas normalmente não percebem as inúmeras situações cotidianas onde a integridade física e mental é ameaçada, tantos os reflexos e condicionamentos que o sentido de auto-preservação proporciona. O homem tem por natureza defender-se e criar mecanismos de proteção decorrentes da consciência da destruição e pelo instinto de sobrevivência.


Aos perigos inerentes desta vida, somam-se os impostos pelas atitudes desmedidas e irresponsáveis de algumas pessoas, agressivas, inconseqüentes e maldosas, que agem como se nada lhes importasse que o próprio entretenimento, o desejo de se sobrepor aos demais e mesmo o dar vazão a instinto de destruição e sadismo. Aí se incluem os abusos nas brincadeiras infanto-juvenis, a perseguição sistemática a colegas de escola - o bulling -, as brigas de rua, a violência nos esportes e atitudes incompatíveis que levam risco aos demais.

O uso do cerol nas linhas de pipas bem que se enquadra entre as transgressões anormais que trazem seus efeitos altamente nocivos. Transformada de brincadeira de disputa pelos céus, o uso do cerol virou arma letal que se propaga na inconsciência de quem usa.

O uso de cerol em linhas de empinar é crime. Não há justificativa para que as pessoas continuem fazendo de um instrumento mortal uma brincadeira que provoca morte e lesões de alta gravidade. Não se pode esperar que a educação para a cidadania resolva a questão da consciência em curto prazo, uma vez que a ameaça está literalmente no ar. É preciso agir, fazer cumprir a lei, não por amostragem, mas com ações repressoras, blitze nos locais sobejamente conhecidos, apreensão de materiais, penalização dos responsáveis. Fazer vista grossa ou pensar que o cerol não passa de uma brincadeira inocente é deixar que o lúdico dê espaço ao trágico, somando mortes tão desnecessárias quanto a necessidade de afirmação através um brinquedo feito para colorir os céus e transmitir mensagem de paz e vida.

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