quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Lula e a imprensa investigativa

A garantia da livre manifestação do pensamento é uma das maiores conquistas dos regimes democráticos e de direito, outorgando a cada cidadão a possibilidade de manifestar-se sem amarras, preconceito, censura ou discriminação. Não por acaso, o assunto é tratado na Constituição Brasileira entre os direitos e garantias fundamentais, aqueles em que se baseiam os princípios de liberdade para decidir sobre a própria vida e da sociedade.

O jornalismo brasileiro tem uma das mais vibrantes histórias na luta pelo direito, reconhecido internacionalmente pelo seu legado de transparência, de coragem, por posições assumidas em momentos críticos, exemplarmente cumprindo o seu papel basilar de prover informação e conteúdo à população. A independência dos jornais é responsável pela contribuição ao crescimento do País, pela ordem institucional e até mesmo pelo combate aos regimes de exceção que se instalaram.

O presidente Lula não tem se mostrado uma pessoa totalmente preparada para opinar sobre questões essenciais da vida pública, denunciando em cada fala improvisada o seu destempero e visão tolhida sobre os grandes temas de uma sociedade democraticamente constituída. Não faltam disparates que expõem a fragilidade de raciocínio do presidente, frequentemente flagrado em exposições toscas e metáforas infelizes. Ao traduzir seu discurso em forma rasa para atingir o seu público, comete desatinos que mancham sua imagem de figura pública ou denunciam uma visão pouco afeita ao diálogo e respeito institucional.

Nesta semana, o presidente foi pródigo em pronunciamentos polêmicos, despertando indignação e protestos de líderes religiosos, políticos de oposição e entidades representantivas de jornalistas. No último caso, Lula arriscou dizer que o jornalismo não deve fiscalizar, mas só informar, cometendo um grave equívoco sobe o papel da imprensa em regimes democráticos e traduzindo um inadmissível viés de autoritarismo. Transparecendo um entendimento míope sobre liberdade de expressão e a própria razão da existência da imprensa, o presidente excedeu a razão e levantou argumentos que desqualificam profundamente sua opinião sobre o assunto.

Erram os que se apressam em atribuir as contradições lógicas de Lula a um total desconhecimento. O presidente tem se mostrado ladino ao apropriar-se de exponencial índice de aprovação para semear conceitos que, em princípio, parecem absurdidades, mas que embutem uma estratégia de disseminar uma linha de raciocínio quase subliminar. Não é segredo o que Lula pensa e espera da imprensa. Em várias manifestações, ele demonstra não estar afeito a críticas e denúncias, essência do papel de jornalistas, preferindo o elogio fácil.

Sua ideia de uma imprensa alinhada eternamente com o poder e submetida a seus caprichos é reforçada no discurso uniformizado de desqualificação do papel de comunicadores, ou na tentativa de criação de mecanismos de controle e regulamentação, presentes e repetidos exaustivamente, até serem aceitos por grande parcela da população como verdade. Certamente, esse seria o quadro mais conveniente para um governo marcado por denúncias e por coalizões mais comprometedoras do que qualquer aproximação com Judas.

Regra Três

Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais

Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar

Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar


(Regra Três, Vinicius de Moraes / Toquinho)

Civismo em prosa e verso

O homem é naturalmente um ser agregário, sente-se bem em pertencer a um grupo, aceita seus semelhantes e faz questão de destacar sempre esse caráter de pertencimento, como se encontrasse na convivência a identidade e segurança que lhe permite atravessar a vida em confiança. Essa característica justifica a tendência de se estabelecerem fronteiras e limites de pensamento, sedimentando os conceitos de pátria, raça, identidade ideológica, cultura e costumes.

No contexto de nação, ressaltam-se os princípios de civismo, que nada mais é que o reconhecimento de cada indivíduo de sua responsabilidade perante a Pátria, formada pelos seus semelhantes e orientados pelas mesmas crenças morais, éticas, legais e culturais. O cidadão somente se pode chamar assim se ostentar o respeito a esses valores, que podem ser contestados mas servem de parâmetro para tudo.

Incutido de forma arbitrária nos anos de chumbo da ditadura militar dos anos sessenta — como geralmente acontece em todos os regimes de exceção ou exclusão democrática — o civismo ainda é associado por toda uma geração ao militarismo e ao fanatismo. Os desfiles garbosos em datas especiais tinham todas as características de parada militar, deslocada para o meio popular como forma de catequização, demonstração de poder, construção de uma nova identidade nacionalista que necessitava ser forjada.

A incorporação do Hino Nacional à rotina escolas brasileiras, assim como a adoção da execução da peça antes dos jogos de futebol no Estado de São Paulo, são iniciativas que procuram resgatar o caráter cívico dos brasileiros, pouco afeitos a manifestações públicas de sua identidade como povo. No futebol e nos desfiles das representações esportivas em amarelo, não raro as pessoas demonstram sinceras emoções. Mas não demonstram a mesma expectativa em situações de puro civismo político, por exemplo.

Apressam-se os críticos ao dizer que o civismo não deve ser uma condição imposta, que o amor à Pátria é algo que não pode ser infundido através de obrigações, mas despertado através da constatação de que o país é feito por todos e a todos dá atenção. Certamente é mais difícil inspirar as pessoas para os valores cívicos de uma nação que esteja temerariamente inadimplente no provimento de questões sociais, que seja voraz na cobrança de impostos e leniente no cumprimento de obrigações constitucionais.

A execução do Hino Nacional nas escolas pode não ter o pendão de despertar o civismo em jovens e crianças, mas cumpre o principal papel de despertar a responsabilidade primeira de se entender como membro de uma nação e qual o seu papel diante da realidade. Somente assim os cidadãos poderão entender que uma nação é feita por todos, e não um ente abstrato, responsável pelo provimento das necessidades de cada um ou culpado de todas as vissicitudes e insucessos.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pavão misterioso


Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...

Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda, cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh!
Que não é certo não...

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar...

(Pavão Misterioso, composição: Ednardo)

Receita de Homem Novo


Receita de Homem Novo

(Os sábios que me perdoem, mas a piedade é essencial)


Com um pouco de Freud

Envolto em celulóide

Um tanto de marxismo

Embrulhado em jornalismo

Bastante violência

Alguma inteligência

Desprezo da verdade

E alma bem fria

Se faz a humanidade

Do robô da ideologia.


(Millor Fernandes)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Crime e o vácuo do Estado


O Estado é o responsável pela administração e solução dos conflitos sociais, tendo, por definição constitucional, o encargo de prover à sociedade a sua segurança, tida como direito primário e essencial, que não pode nem deve ser subtraído por inépcia dos governantes ou por retração de investimentos. A estabilidade do sistema depende do quanto os cidadãos podem se sentir seguros e sob a proteção da lei e das autoridades de segurança.

As causas da violência podem ser explicadas por diversos fatores que compõem o ciclo de formação dos bandidos, como as estruturas sociais abaladas, a falta de suprimentos essenciais em educação e civilidade, além das fortes conotações psicológicas que levam a graves quadros de delinquência. Mas contribui muito com o alastramento da criminalidade a omissão do Estado, que se deixa subjugar pelas forças marginais, geralmente alinhadas ao tráfico de drogas que subsidia um amplo espectro de quadrilhas que agem dentro e fora das grades.

Os episódios que marcaram o final de semana no Rio de Janeiro são a expressão clara do quanto a ausência do Estado favorece a existência de facções criminosas que agem abertamente, impondo sua autoridade paralela sobre parcela significativa da população, estabelecendo um padrão distinto de legalidade em território onde o domínio dos bandidos é evidente. Os morros cariocas são o exemplo acabado de como os marginais conseguem criar barreiras físicas e morais para manter a polícia convenientemente a distância, exercendo seu poder sobre seu grupo e a comunidade.

Os conflitos recentes começaram com a disputa de pontos de tráfico, antagonizando grupos acionados a partir de comandos espalhados pelos morros São João e dos Macacos. A intervenção policial para conter as mortes foi combatida com a derrubada de um helicóptero da Polícia Militar, quando morreram três soldados, e a queima de ônibus do transporte coletivo. O serviço de inteligência da polícia do Rio de Janeiro revelou que as investigações apontam que a invasão das quadrilhas foi acionada por chefes da facção Comando Vermelho de dentro do presídio federal de segurança máxima de Catanduvas, no Estado do Paraná. Até ontem, ao menos 14 pessoas morreram nos conflitos entre traficantes e com a polícia.

Os fatos denunciam várias falhas no setor de segurança. A forma como o poder é disputado, em guerra aberta nos morros, aponta para a liberdade que os traficantes têm para medir forças. O uso de armamentos pesados é outra característica que assombra, mostrando que as conexões das quadrilhas são importantes e audaciosas. A voz de comando sair de dentro de um presídio considerado de segurança máxima é algo fora da compreensão de quem pretende um sistema eficaz de proteção aos cidadãos. Denota um descontrole profundo da situação, um esquema de corrupção que passa pelos governos que não impõem uma política de segurança e dos policiais que se abstêm de combater abertamente o crime. No meio do fogo cruzado, fica a sociedade refém da violência.

Mandamento

AMEM.
AMÉM.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Cidadania que se impõe

Uma grande parcela da sociedade tem se mostrado avançada em termos de cidadania, ganhando força os conceitos de respeito mútuo, de obediência às leis e cumprimento de regras sociais que existem para harmonizar os interesses e criar ambientes saudáveis para a convivência e trabalho. Há também espaço para movimentos reivindicatórios, onde a indignação e o protesto também podem ser exteriorizados de forma objetiva, legal, civilizada e dentro de parâmetros institucionais.

No Brasil, tem-se que muitas leis são feitas para o esquecimento. Falta fiscalização, policiamento, punição dos culpados e um sistema eficaz de apenamento. A impunidade cria uma sensação de que muitos estão fora e acima da lei, havendo uma falsa elite que se aproveita de tudo e de todos com desfaçatez, como se a ordem natural fosse um desafio diário a ser superado e ignorado.
Alguns gestos contribuem para desfazer a noção de que os brasileiros são indolentes, totalmente incivilizados, desrespeitosos. Embora o trânsito seja a síntese da contradição, as pessoas têm assimilado com rapidez hábitos e comportamentos condizentes com a nova ordem mundial, igualando-se em muitos casos aos padrões mais comuns verificados nos demais países. É o caso da lei antifumo, implantada no Estado de São Paulo há dois meses, que recebeu apoio total da população, em média que atinge 99,7% dos estabelecimentos visitados pelos fiscais da Vigilância Sanitária em Campinas.

O alto índice de adesão à lei é prova cabal de civilidade e respeito ao novo status legal, demonstrando que a sociedade está pronta a aceitar os princípios impostos. Não significa necessariamente total complacência com os abusos que venham encerrados em uma lei bem intencionada, mas que estendeu a campanha antifumo a limites que não deveriam ser objeto de intenções do governo do Estado, como estabelecer normas e proibições para ambientes privados, como empresas, bares e restaurantes.

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo, a lei antifumo mais radical foi aprovada nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, com praticamente as mesmas normas e sanções, variando os valores de multas aplicadas. Nestes, ficam terminantemente proibidos os fumódromos de qualquer natureza, restringindo o consumo de cigarros a residências e ruas. Em onze outros estados, foram aprovadas leis semelhantes, com o grande diferencial de permitirem a delimitação de áreas para fumantes, desde que respeitados limites rígidos de isolamento e respeito a não fumantes.

Todos os números apontam para um resultado altamente previsível. Há muito que fumantes não espalham fumaça em espaços públicos de toda natureza. As exceções ficaram por conta de espaços reservados em empresas, cada vez mais ciosas da responsabilidade de promover a saúde de seus funcionários, e em bares e restaurantes, onde o acesso é voluntário e a definição do público deve caber apenas a seus proprietários. Em resumo, é uma lei criou polêmica inoportuna, jogando fumaça sobre um setor que tende a se regulamentar por si mesmo e com rigor natural.

domingo, 18 de outubro de 2009

Radio Ga Ga


Radio
I'd sit alone and watch your light
My only friend through teenage nights
And evrything I had to knowI heard it on my radio

You gave them all those old time stars
Through wars of worlds - invaded by mars
You made em laugh - you made em cry
You made us feel like we could fly
Radio

So don't become some background noise
A backdrop for the girls and boys
Who just don't know or just don't care
And just complain when youre not there
You had your time you had the power
You've yet to have your finest hour
Radio

All we hear is radio ga ga
Radio goo goo
Radio ga ga
All we hear is radio ga ga
Radio blah blah

Radio whats new?
Radio someone still loves you

We watch the shows - we watch the stars
On videos for hours and hours
We hardly need to use our ears
How music changes through the years

Let's hope you never leave old friend
Like all good things on you we depend
So stick around 'cos we might miss you
When we grow tired of all this visual

You had your time
you had the power
You've yet to have your finest hour
Radio

Radio
You had your time you had the power
You've yet to have your finest hour
Radio

(Roger Taylor, The Queen)

Os novos delinquentes

Cada época tem as suas características próprias, delineadas pelas transformações dos tempos, os costumes que se amoldam às novas realidades, os fatores sociais que impingem comportamentos e exigem que as gerações correspondam às expectativas criadas pela sociedade. O período da adolescência é, sempre, uma fase da vida em que as pessoas passam por transformações emocionais, físicas e psicológicas, com um comportamento muito característico, demandando uma atenção e sensibilidade especiais. É uma época tanto de descobertas como de conflitos que, se mal administrados, podem deixar marcas negativas profundas.

A delinquência juvenil deve sempre ser encarada com cuidado especial. Não por acaso, os menores de 18 anos são considerados com privilégios legais que lhes garantem a compreensão e todo o esforço de educação e orientação, atenuando-se as penas sempre que se detectarem traços de rebeldia juvenil onde muitos veem apenas comportamento contraventor.

Os parâmetros da geração atual refletem mudança radical no jeito de ser dos adolescentes, comparado com poucas décadas atrás. As novidades tecnológicas, as opções de lazer e distração, o acesso à informação rápida e superficial, as barreiras de relacionamento rompidas, a iniciação sexual precoce, os horizontes da educação mais abrangentes contextualizam uma forma de pensar que desafia os pais e educadores, preocupados em entender o universo que se delineia para o futuro próximo.

A revelação do maior envolvimento de jovens da classe média em ocorrências envolvendo roubos, tráfico e uso de drogas, com base nos dados da Fundação Casa (ex-Febem), escancara uma realidade já percebida por todos e facilmente percebida na rotina de quem lida com o trabalho de assistência e recuperação de jovens envolvidos em delitos.

Uma análise primária permite depreender que a fronteira entre a simples rebeldia e a delinquência adolescente tem sido muito frequentemente ultrapassada, sem distinção de formação, escala social, grau de instrução ou gênero. O fenômeno da proliferação do consumo de drogas em escala mundial acionou o alerta da sociedade, que busca instrumentos para controlar os efeitos nefastos da drogadicção e do tráfico, especialmente entre os mais jovens.

O que tem levado os jovens a um comportamento exacerbadamente consumista permite vários enfoques. Certamente, a sociedade moderna tem lançado frequentes apelos neste sentido, colocando em xeque valores antigos, muitos casos sem sopesar as consequências ou conseguir divisar os horizontes futuros. A educação e convivência familiar são basilares para estabelecer novos padrões que não impliquem em lançar jovens à reclusão em entidades por não conseguirem estabelecer os limites de sua rebeldia.

sábado, 17 de outubro de 2009

O calote do Leão

A tarefa de fixar impostos e taxas para cobrir os gastos administrativos é um dos encargos que os governos têm para custear seus projetos e financiar suas responsabilidades institucionais. Estabelecer um equilíbrio das contas sem onerar os contribuintes e cumprindo com as metas mínimas que se exigem é o que destaca os governantes de pulso, visão e bom senso.
A máquina arrecadadora do governo federal funciona intermitentemente, impondo aos brasileiros um pesado pacote de impostos, cobrados de todas as formas possíveis, desde os salários, os investimentos, o consumo e a produção. Nada escapa da sanha tarifária do governo, cronicamente inadimplente com os compromissos sociais, com investimentos em infraestrutura e com o provimento das garantias de educação para todos, atendimento em universal em saúde, construção de moradias, garantia de segurança e bem-estar social.


Uma discussão recorrente é a cobrança do imposto de renda que incide sobre salários, que muitos consideram inadequada, injusta e excessiva, já que consume quase um terço do ganho bruto dos trabalhadores. O governo é ágil para abocanhar a parte do leão, retirada compulsoriamente na fonte, sem possibilidade de recurso por parte dos trabalhadores, antecipando uma receita antes mesmo de decorrer o período correspondente onde são apurados os ganhos, as despesas, as transações e as deduções cabíveis.

A Receita Federal não se faz de rogada em cobrar imposto para restituição somente no exercício seguinte, a seu critério, com correção mínima. De tudo que foi pago, o contribuinte ainda é obrigado a prestar contas, anexar documentos, justificar despesas, chegar a um denominador e pleitear a restituição do que lhe foi tirado indevidamente. O sentimento de extorsão é muito claro, especialmente quando o cidadão se vê obrigado a prover para si o que seria obrigação constitucional dos governos.

Neste ano, a sanha devoradora foi maior. O ministro da Fazenda Guido Mantega está sendo convidado pela comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) para explicar o atraso nas restituições do Imposto de Renda de Pessoas Físicas (IRPF) de 2009, expediente utilizado pelo governo diante queda de arrecadação. O ministro admitiu o jogo de caixa e ironizou, argumentando que os contribuintes não perderiam nada, uma vez que o imposto retido seria devolvido com correção.

As restituições do Imposto de Renda Pessoa Física são pagas em lotes mensais, entre junho e dezembro, geralmente por volta do dia 15. Nos cinco primeiros lotes de 2009, dados da Receita Federal revelam que houve o pagamento de R$ 5,48 bilhões em restituições do Imposto de Renda aos contribuintes, volume que é 21,6% menor do que o registrado em igual período do ano passado (R$ 7 bilhões).

Alegar que o ritmo lento das devoluções se dá pela queda da arrecadação neste ano é uma falácia de planejamento, já que o governo está, teoricamente, devolvendo o que já foi arrecadado no ano anterior, e parece contar com a arrecadação do ano em curso para cumprir compromisso de caixa. O que o governo está perpetrando é um calote anunciado, que conta com a extrema paciência dos contribuintes. Até quando?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A verdade nua e crua dos professores

A educação é o baluarte da construção de uma nova sociedade, aperfeiçoada, crítica com seus próprios erros, consciente de seus limites e horizontes, calcada no conhecimento que alicerça o desenvolvimento individual e coletivo. É consenso absoluto a importância que o ensino tem na formação de cidadãos plenos, a ponto de a formação acadêmica estar entre os pressupostos constitucionais de responsabilidade de governantes. Permitir o acesso universal e franqueado a uma educação de qualidade é a melhor forma de distribuir equitativamente benefícios e oportunidades.

O Brasil está a muitos passos de cumprir com um mínimo de respeito ao direito de acesso escolar para seus filhos. A educação pública é de uma indigência chocante, não faltando exemplos de como faltam recursos, investimentos, qualificação e infraestrutura para dar conta da imensa demanda por cursos em todos os níveis. A carência leva a um quadro de distorção social, com a classe média e alta custeando o ensino em escolas particulares, enquanto a maioria amarga as dificuldades crônicas dos estabelecimentos oficiais, sujeitos à violência, depredação, currículos não cumpridos e até analfabetismo que se arrasta através dos primeiros anos letivos.

No eixo do problema, estão os professores. Segundo o estudo Professores do Brasil: Impasses e Desafios, divulgado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) na semana passada, os professores representam o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%). Nem por isso são respeitados como profissioanais - 50% dos docentes recebem menos de R$ 720 por mês. A desmotivação chega ao ponto de 50% dos alunos que cursam o magistério e que foram entrevistados dizerem não sentir vontade de ser professores.
O preocupante quadro justifica todos os movimentos reivindicatórios por uma melhoria radical do sistema, recompondo o padrão de qualidade do ensino público que havia há décadas. Mas há que se medir a eficácia, conveniência e seriedade das manifestações. O protesto articulado pelo Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado (Udemo) para ontem, Dia do Professor, denominado "Nu Pedagógico", previa arregimentar 10 mil professores e prometia que pelo menos alguns tirariam suas roupas.

Péssima estratégia marqueteira para atrair a atenção ou mau gosto explícito, o movimento não conseguir reunir mais que algumas centenas de pessoas em São Paulo, menos em Campinas, sem que ninguém ousasse despir-se.

Os professores merecem respeito, apoio em suas reivindicações e melhores condições de trabalho. Não precisam de intervenções oportunistas como essa que beira o ridículo. Bastaria multiplicar exemplos como os mestres de Campinas que transformaram a realidade da Escola Estadual Geni Rosa, no Jardim Satélite Íris, através de intervenções positivas em sua estrutura e na autoestima de funcionários, professores, comunidade, estudantes e seus familiares. Uma forma criativa e produtiva de mostrar a realidade nua e crua da Educação no Estado mais rico da Nação.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Carta a Anita, de Arita Pettená


Vejo-te, Anita, com teus sapatinhos de cristal, percorrendo um céu sem dimensão. E me fico a perguntar:
- Em que estrela, em que nuvem, em que oásis, tu te escondes, a brincar como ingênua menina entre diáfanos seres do além?

Passas sorrindo, passas cantando, e eu não te alcanço na vastidão das alturas. De repente dois pingos cintilantes iluminam uma terra ao deus dará das muitas dores. Um véu te cobre agora apenas à forma de um corpo que passou da matéria para a espiritualidade. E corres daqui para acolá, cantarolando, em suaves murmúrios, hosanas ao Senhor. E há um coro de anjos que te acompanha nessa caminhada de luz, nesse vaivém de passos que vem e que vão, sem dizer para onde, sem se deterem na imensidão de um mundo novo, redescoberto pela pureza de tua alma, e alcançado apenas pelos que transformam espaços sombrios em jardins de esperança .
Silêncio! O céu despenca em chuvas. E traz, em suas águas cristalinas, a dor de tantas ausências. E quem disse que dos teus não sentes saudades também? E quem disse que não trazes dentro de ti esta certeza de que um dia todos nos encontraremos, que a morte é vida para quem crê no amanhã...


(Texto de Arita Damasceno Pettená para a nossa Anita, "sob forte emoção, dentro das minhas longas noites de insônia")

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Going Gone with Black Eyed Peas


Johnny wanna be a big star
Get on stage and play the guitar
Make a little money
buy a fancy car
Big old house and an alligator
Just to match with them alligator shoes
Hes a rich man so hes no longer singin the blues
Hes singing songs about material things
and platinum rings and watches that go bling
But, diamonds don't bling in the dark
He a star now, but he aint singing from the heart
Sooner or later hes just gonna fall apart
Coz hes fans can't relate to his new found art
He ain't doing what he did from the start
and thats putting in some feeling and thought
He decided to live his life shallow
Passion is love for material

[Jack Johnson] --

And its gone..gone..going..
gone..everything gone..give a damn..
gone be the birds when they don't wanna sing..
gone people..up arkward with their things..
Gone.

[Will.i.am] --
You see yourself in the mirror and ya
Feel safe coz it looks familiar but ya
Afraid to open up your soul coz ya
Don't really know
Don't really know
who is,
The person thats deep within
Coz your content with just being
the nieve brown man and ya
Fail to see that its trivial
Insignificent, you addicted to material
I've seen your kind before
Your the type that thinks souls is sold in a store
Packaged up with insense sticks
With them vegatarian meals
To you thats rightous
You're fiction like books
you need to go out to life and look
Coz..What happens when they take your material
You already sold ya soul
and its..

[Jack Johnson] --
And its gone..gone..going..
gone..everything gone..give a damn..
gone be the birds when they don't wanna sing..
gone people..up arkward with their things..
Gone.

[Will.i.am] --

You say that time is money
and money is time
so you got mind in ya money
and ya money on ya mind
But what about..
That crime thatcha did to get paid
And what about..
That bid, you can't take it to your brain
[Jack Johnson] --
And what about those shoes your in day
They'll be good
On the bridges you've walked along the way

[Will.i.am] --
All that money that you got
Gonna be gone
That gear that you rock
gonna be gone
The house up on the hill
gonna be gone
The gold fronts on your grill
gonna be gone
The ice on your wrist
gonna be gone
That nice little miss
gonna be gone
That whip that you roll
gonna be gone
And whats worst is your soul allready gone

(Going Gone, Black Eyed Peas, com Jack Johnson)

Johnny queria ser uma grande estrela
subir no palco e tocar sua guitarra
fazer um pouco de dinheiro
comprar um carro caro
uma grande casa e um jacaré
só para combinar com seu sapato de couro de jacaré
ele é um homem rico então não está mais cantando "blues"
ele está cantando músicas sobre coisas materiais
anéis de platina e um relógio que brilha
mas diamantes não brilham no escuro
ele é uma estrela agora , mas não está cantando com o coração
cedo ou tarde ele não vai mais fazer sucesso
porque seus fãs não vão acompanhar sua nova arte
ele não está fazendo o que ele fazia no começo
e está deixando de lado alguns sentimentos e pensamentos
ele decidiu viver sua vida material
desejo é amor para os materialistas
(refrão)
e se foi... foi...indo
foi...tudo se foi...ele não deu a mínima
os pássaros vão embora quando não quiserem mais cantar
as pessoas se vão , com suas coisas materiais
se foi ...

você se vê no espelho e , sim
se sente seguro porque lhe parece familiar , sim
com medo de se abrir porque , sim
não sabe realmente , não sabe realmente
quem é , a pessoa que vive dentro de você
porque a pessoa que há dentro de você apenas existe
um moreno , sim
falha ao ver o que é trivial
insignificante , está viciado em coisas materiais
eu já vi o seu tipo antes
você é do tipo que acha que almas se vendem em lojas
embrulhadas com um incenso
com suas comidas vegetarianas
para você , isso é virtual
você acredita em ficção como nos livros
você precisa sair para a vida e ver
porque...o que acontece quando eles pegarem seus objetos
você já vendeu a sua alma
e se ...
(refrão)

você diz que tempo é dinheiro
e dinheiro é tempo
e você fica com a cabeça no dinheiro
e o dinheiro na cabeça
e sobre...
aquele crime que você fez para ganhar dinheiro
e sobre...
aquela proposta que você não conseguiu parar de pensar
e sobre aqueles sapatos que você usava todo dia
eles serão bons
nas pontes que você andar ao longo do caminho

todo o dinheiro que você tem se irá...
aquele mecanismo que você arrasou
se irá...
aquela casa no topo da montanha
se irá...
a frente de ouro da sua churrasqueira
se irá...
esse ouro no seu pulso
se irá...
essa pequena moça legal
se irá...
esse chicote que você enrolou
se irá...
e o que é pior...sua alma já se foi...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A falsa legitimidade do MST


A organização social deve ser estruturada de forma a contemplar todos os interesses e objetivos, harmonizando as diferentes maneiras de ver o mundo e estabelecendo prioridades de acordo com o senso comum. Na forma democrática, devem ser garantidos os direitos de opinião, de manifestação ideológica, religiosa ou cultural, além de criar os instrumentos legítimos para o encaminhamento de propostas, reivindicações e garantias legais. Aos poderes constituídos, cabe apenas aplicar os termos constitucionais e assegurar a segurança e liberdade de todos.
Certas mobilizações reivindicatórias são marcadas pelo desprezo às leis, ao direito dos demais cidadãos, por agressões à sociedade organizada e por atropelarem o direito. Ao inverterem a ordem constitucional, esses movimentos invadem o limite da tolerância e se impõem de forma arbitrária, violenta, transgredindo normas e promovendo ações verdadeiramente criminosas. É o caso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que, sob o pretexto de promoverem a reforma agrária, se constituiu em um grupo político com métodos, objetivos e organização que se afastam em muito dos princípios que poderiam fundear um trabalho de cobrança.
O rastro de vandalismo deixado nesta semana, após a invasão da Fazenda Santo Henrique, no município de Iaras, mostrou claramente um lado descontrolado do MST, com seus membros agindo de forma arrogante, autoritária, violenta e destruidora. Ao tomarem de assalto a propriedade destinada à plantação de laranja da empresa Cutrale, agiram como vândalos ao passar tratores por cima dos pés de fruta. Ao saírem, atendendo ordem judicial de reintegração de posse, danificaram os 28 tratores no local, depredaram e roubaram a sede e casas de funcionários, em gesto que ultrapassou todos os limites da civilidade e legalidade. Agiram como verdadeiros bandidos da mais baixa categoria.
O episódio sequer conseguiu angariar a simpatia das autoridades que normalmente dão suporte ao movimento. O próprio ministro Tarso Genro, afeito a uma visão muito própria do que seja legítimo no País, condenou a ação e garantiu que os envolvidos serão processados.
O MST deixou há muito tempo de ser um grupo popular legítimo para a reivindicação de uma política de reforma agrária. São franca oposição ao governo, que, ironicamente, lhes dá suporte e financia sua ações através do repasse de verbas oficiais, disfarçado em contribuições a organizações não-governamentais. Pesa contra seus líderes a responsabilidade de arregimentarem membros com a promessa de distribuição de terras para agricultura familiar, usando as famílias como massa de manobra em invasões criminosas, ameaças explícitas, criando vítimas que sirvam a seus propósitos políticos.
É preciso dar um basta. Se o MST se outorga a liderança de um movimento pela reforma agrária, que redefina seus princípios, afaste os marginais de seus quadros, trace metas constitucionais e use seu poder para fazer política com pê maiúsculo. Caso contrário, continuarão a ser bandidos.

Bandeiras e respeito


O nacionalismo é mais que um sentimento, uma emoção provocada por eventos significativos ou por palavras de ordem, que colocam a relação entre os cidadãos e sua pátria em patamar de respeito exacerbado. Não se mede o patriotismo pelo grau de ufanismo de um povo, não raro aflorado através de discursos políticos ludibriadores, situações de contendas ou meras comemorações onde todos são lembrados do compromisso cívico. Nacionalismo é, em verdade, a manifestação maior da civilidade, de respeito ao próximo, da obediência às leis, da identificação com a nação.

Em todo o mundo, o sentido de veneração à pátria tem conotações diferentes. Podem ser exemplo de um povo perfeitamente identificado com seus princípios, ou argumentos sucessivos que podem levar a regimes totalitários e de intolerância. Para citar apenas um exemplo, é bom lembrar que o regime nazista que levou a Europa aos caos na metade do século passado tinha forte conotação nacionalista, distorcida por fatores sociais e econômicos que se autojustificavam. De maneira diferente, são muitos outros exemplos onde o sentido de nação foi fundamental para a afirmação de um povo, para a constituição de um país e a construção de uma identidade nacional fortalecida.

Os símbolos nacionais são uma representação física deste espírito e do conceito de nação. A bandeira nacional, ostensivamente mostrada em eventos esportivos e ocasiões especiais, não recebe a atenção devida no dia a dia da população. Alguns exemplos de bandeiras rasgadas podem ser vistos facilmente, abandonadas em mastros de praças públicas, em frente de órgãos públicos denotando falta de respeito e flagrante desrespeito à lei.

O jeito brasileiro de ser embute uma forma peculiar de nacionalismo. Chegam à comoção as reações durante a execução do Hino Nacional em eventos esportivos, com as pessoas vestindo o verde e amarelo em dias de jogos em competições internacionais. As pessoas fazem questão de demonstrar sua identidade cívica eloquente, algumas vezes deixando de lado o espírito crítico e passando a imagem de que os problemas poderão ser resolvidos a partir do envolvimento da sociedade e do resultado das disputas.

Nacionalismo envolve um sentido cívico mais profundo. É compromisso com a civilidade, é o respeito aos demais cidadãos, é o foco constante na construção de uma sociedade organizada e livre. É cumprir a lei, agir com decência, participar, mobilizar-se para a constante transformação da nação, sempre visando o bem comum. Menos que isto é apenas uma festa cívica , pretexto para mais uma comemoração que faça esquecer os problemas.

De certa forma, a maneira como os brasileiros tratam o símbolo de sua identidade como cidadãos pode explicar também como as questões de interesse público são tratadas no País.

Valsa brasileira

Vivia a te buscar porque pensando em ti
Corria contra o tempo, eu descartava os dias
Em que não te vi, como de um filme
A ação que não valeu

Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Subia na montanha, não como anda um corpo,
Mas um sentimento, eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar, saltava as noites
Sem me refazer

E pela porta de trás da casa vazia
Eu ingressaria e te veria
Confusa por me ver
Chegando assim mil dias antes de te conhecer

(Valsa Brasileira, Edu Lobo e Chico Buarque)

sábado, 10 de outubro de 2009

O País da Olimpíada

A realização de eventos do porte de uma Copa do Mundo ou de uma Olimpíada são desafios que poderiam intimidar países que estivessem enfrentando graves crises políticas, econômicas ou que, assumidamente, não reunissem as condições técnicas e estratégicas para desenvolver um planejamento de investimentos a longo prazo, visando uma perfeita organização do calendário, da infraestrutura de viação, transportes, segurança, alojamento e fluxo de turistas.
Muitas vezes as mazelas sociais retêm o foco das atenções e prioridades de investimentos, inviabilizando a organização de eventos, ainda que haja franco consenso de que os benefícios que se podem auferir são superiores à previsão de gastos, inclusive com ganhos sociais consideráveis que fazem compensar o passo dado no sentido de trazer para si a responsabilidade de mostrar ao mundo a própria capacidade organizacional e de superação de obstáculos.


A confirmação do Rio de Janeiro como a cidade-sede da Olimpíada de 2016 foi um marco na autoestima dos brasileiros, que obtiveram mais uma vez um voto de confiança na capacidade do País se organizar e estruturar o maior evento esportivo do planeta. Os passos anteriores de organizar os Jogos Pan-Americanos de 2007 e a próxima Copa do Mundo de futebol foram credenciais eloquentes para dar o Brasil o passaporte de entrada para o rol das nações capazes de se fazerem portais para merecer a atenção de todo o mundo.

A oportunidade é única. O país passará a ser foco de toda a mídia mundial, eliminando fronteiras e projetando o potencial turístico de uma forma absolutamente intensa, revertendo o conceito muitas vezes distorcido que os estrangeiros têm sobre nossos recursos, cidades e capacidade de recepção. Para alguns, o Brasil não passa de uma grande floresta selvagem, cheia de doenças tropicais e inúmeros problemas sociais. Mesmo os problemas crônicos costumam ser potencializados sob a visão da ignorância.

O desafio para o Rio de Janeiro é enorme e implica em uma conjunção perfeita de planejamento, competência, seriedade e disposição de reverter uma situação crítica que afeta a cidade, antes maravilhosa hoje afetada por uma violência extravasada, um caos urbano, uma desfiguração gradual de seu perfil turístico e uma crônica carência de investimentos e espírito de preservação ambiental.

Os protocolos para a realização da Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada dois anos depois implicam na construção de equipamentos e espaços esportivos, além de dotar as cidades-sede e vizinhas de uma estrutura compatível com a grandeza dos eventos. Há necessidade de rever os planos viários, os aparatos de segurança, a viabilidade dos transportes, a adequação de aeroportos e a estruturação da rede hoteleira. As intervenções realizadas em outras cidades, nas edições anteriores de Copas e Olimpíadas, tiveram o efeito transformador. A oportunidade representou o início de um novo tempo e uma nova vida para a população. Não se espera menos que isso para o Brasil em dois eventos seguidos e desafiadores.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As confusões da avaliação na Educação

Não têm sido poucos os esforços para dar à Educação brasileira um mínimo de atenção para cobrir a abissal defasagem de qualidade a que o setor foi submetido por décadas de crise e aprofundamento dos males que condenaram praticamente uma geração a um ensino de má qualidade. As escolas públicas sobrevivem pelo esforço isolado de docentes e profissionais, que se desdobram a cada dia para superar as deficiências, enfrentando a falta de estrutura, materiais adequados, baixa remuneração, despreparo crônico e ainda uma clientela discente violenta, desinteressada, desmotivada e alfabetizada de forma rasa.

Os investimentos localizados aos poucos vão recuperando parte das perdas, ainda que lentamente, o que nada mais faz que acumular problemas existentes com a falta de atendimento aos novos alunos acrescidos pelo crescimento demográfico. Muitas iniciativas têm sido implementadas para dar um nível mínimo de ensino universalizado à população, com mecanismos que estimulam e auferem os ganhos de conhecimento dos estudantes. Entre eles, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), patrocinado pelo Ministério da Educação e alçado à condição de importante etapa no caminho trilhado rumo à universidade.

O escândalo da revelação da prova que seria aplicada neste final de semana colocou em xeque a seriedade do processo, deixando apreensivos os jovens que se submeteriam ao exame. Foi aberto inquérito para apurar a forma como o conteúdo das provas pode ter vazado, mas a decisão imediata do cancelamento foi correta, por evitar os encargos e aborrecimentos decorrentes de anulação depois da mobilização dos 4,1 milhões de estudantes e mais todos os profissionais envolvidos no processo em todo o Brasil.

Não é de hoje que se tem notícias de fraudes em exames e vestibulares, praticadas por quadrilhas que chegam ao despeito de se especializarem neste tipo de crime. Quando desmascarados, os prejuízos são enormes, quando não implicam em consequências graves. No caso do Enem, além do custo de refazer o material, frustram-se as expectativas da realização da prova, o adiamento leva o exame a data inconvenientemente próxima à temporada de vestibulares, criando um clima de insegurança indesejável e levando as universidades a avaliares se a pontuação do Enem será considerada na fase de classificação.

Feito o estrago, espera-se agora o maior rigor na elaboração da nova prova, anunciada para o próximo mês, reforçando-se a segurança em todas etapas. Pelo bem, agora surge também a oportunidade da correção do processo de distribuição das salas onde seria prestado o exame. Um erro no sistema colocou estudantes em locais distantes quilômetros de suas residências, em flagrante desrespeito aos alunos e seus familiares, criando um fator discriminatório e prejudicial ao desempenho.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Piggies

Have you seen the little piggies
Crawling in the dirt
And for all those little piggies
Life is getting worse
Always having dirt to play around in.

Have you seen the bigger piggies
In their starched white shirts
You will find the bigger piggies
Stirring up the dirt
And they always have clean shirts to play around in.

And in their styes with all their backing
They don't care what goes on around
And in their eyes there's something lacking
What they needs a damm good whacking.

Yeah, everywhere there's lots of piggies
Playing piggy pranks
And you can see them on their trotters
Down at the piggy banks
Paying piggy thanks
To thee pig brother

Everywhere there's lots of piggies
Living piggy lives
You can see them out for dinner
With their piggy wives
Clutching forks and knives to eat their bacon.

(Piggies, George Harrison)

Você tem visto os porquinhos
Rastejando na lama?
E para todos os porquinhos
A vida está ficando pior
Sempre tendo sujeira para brincarem

Você tem visto os grandes porquinhos
Em suas camisas brancas engomadas?
Você irá encontrar os grandes porquinhos
Remexendo a sujeira
Sempre com camisas limpas para brincarem
Em sua pocilga com todos os seus fundos
Eles não se importam com o que está rolando
Em seu olhos existe algo faltando
O que eles precisam é uma boa palmada

Em todo lugar há muitos porquinhos vivendo
A vida porca
Você pode vê-los jantando fora
Com suas esposas porquinhas
Agarrando garfos e facas para comerem seu bacon