sábado, 10 de outubro de 2009

O País da Olimpíada

A realização de eventos do porte de uma Copa do Mundo ou de uma Olimpíada são desafios que poderiam intimidar países que estivessem enfrentando graves crises políticas, econômicas ou que, assumidamente, não reunissem as condições técnicas e estratégicas para desenvolver um planejamento de investimentos a longo prazo, visando uma perfeita organização do calendário, da infraestrutura de viação, transportes, segurança, alojamento e fluxo de turistas.
Muitas vezes as mazelas sociais retêm o foco das atenções e prioridades de investimentos, inviabilizando a organização de eventos, ainda que haja franco consenso de que os benefícios que se podem auferir são superiores à previsão de gastos, inclusive com ganhos sociais consideráveis que fazem compensar o passo dado no sentido de trazer para si a responsabilidade de mostrar ao mundo a própria capacidade organizacional e de superação de obstáculos.


A confirmação do Rio de Janeiro como a cidade-sede da Olimpíada de 2016 foi um marco na autoestima dos brasileiros, que obtiveram mais uma vez um voto de confiança na capacidade do País se organizar e estruturar o maior evento esportivo do planeta. Os passos anteriores de organizar os Jogos Pan-Americanos de 2007 e a próxima Copa do Mundo de futebol foram credenciais eloquentes para dar o Brasil o passaporte de entrada para o rol das nações capazes de se fazerem portais para merecer a atenção de todo o mundo.

A oportunidade é única. O país passará a ser foco de toda a mídia mundial, eliminando fronteiras e projetando o potencial turístico de uma forma absolutamente intensa, revertendo o conceito muitas vezes distorcido que os estrangeiros têm sobre nossos recursos, cidades e capacidade de recepção. Para alguns, o Brasil não passa de uma grande floresta selvagem, cheia de doenças tropicais e inúmeros problemas sociais. Mesmo os problemas crônicos costumam ser potencializados sob a visão da ignorância.

O desafio para o Rio de Janeiro é enorme e implica em uma conjunção perfeita de planejamento, competência, seriedade e disposição de reverter uma situação crítica que afeta a cidade, antes maravilhosa hoje afetada por uma violência extravasada, um caos urbano, uma desfiguração gradual de seu perfil turístico e uma crônica carência de investimentos e espírito de preservação ambiental.

Os protocolos para a realização da Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada dois anos depois implicam na construção de equipamentos e espaços esportivos, além de dotar as cidades-sede e vizinhas de uma estrutura compatível com a grandeza dos eventos. Há necessidade de rever os planos viários, os aparatos de segurança, a viabilidade dos transportes, a adequação de aeroportos e a estruturação da rede hoteleira. As intervenções realizadas em outras cidades, nas edições anteriores de Copas e Olimpíadas, tiveram o efeito transformador. A oportunidade representou o início de um novo tempo e uma nova vida para a população. Não se espera menos que isso para o Brasil em dois eventos seguidos e desafiadores.

Nenhum comentário: