Ao colocar o fotógrafo da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) em cárcere privado na noite de quarta-feira quando estava exercendo o seu trabalho de cobertura da queda de blocos de gesso no interior da sede da Igreja Universal do Reino de Deus, em Campinas, o pastor Carlos Carontenuto Filho protagonizou uma situação inusitada que quase fugiu do controle, não fosse a ação determinante de uma equipe do Grupo de Ação e Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) da Polícia Militar. O incidente não teria razão de acontecer não fosse insuflado pela atitude destemperada do pastor, que impediu a saída do jornalista enquanto este não inutilizasse as fotos feitas dentro do templo na Avenida João Jorge.
As variáveis do caso são muitas, mas todas esbarram na absoluta falta de diálogo e intransigência. Ao se dirigir ao templo, onde se registrava ocorrência com o Corpo de Bombeiros, o fotógrafo Gustavo Magnusson cumpriu os procedimentos de praxe na cobertura de acidentes. Não houve vítimas, tampouco pânico, tudo não passaria de mais uma ocorrência normal que talvez sequer merecesse o registro de destaque no jornal. Mas a prepotência e petulância do pastor responsável pelo local no momento fez com que a situação fugisse do controle e, num lapso de autoritarismo sem base legal, arrogou-se o direito de deter por meia hora o jornalista até que este cedesse o equipamento ou as fotos tiradas.
A situação, caracterizada como cárcere privado, deverá ser julgada nos fóruns adequados a que o jornal recorrerá diante da brutal agressão sofrida por um de seus funcionários. O que não se pode aceitar sob qualquer argumento é que um indivíduo, na condição de pastor, rasgue todos os preceitos da liberdade de expressão e respeito ao próximo, ao tentar reverter uma situação com violência, com desproporcional reação e histrionismo que não cabe a um dirigente de uma comunidade religiosa. O risco de um local de frequência pública implica que a imprensa tem a obrigação de se fazer presente e os responsáveis prestarem conta de fatos que podem colocar pessoas em risco. Não foi o caso e o incidente apenas agravou o que poderia ser uma situação de rotina para fiéis, polícia, bombeiros e imprensa.
O episódio nonsense não encontra resguardo legal. O pedido de apreensão do equipamento do jornal denota apenas um estertor de autoritarismo que não se baseia no direito ou na preservação de interesses, caracteriza apenas um senso distorcido de autoridade forjada pela ignorância e prepotência.
A intolerância é geralmente a marca maior dos prepotentes, dos que não se vergam pelas opiniões alheias, aqueles que se pretendem acima do bem e do mal. As atitudes autoritárias são aquelas que patenteiam o desrespeito a outras formas de expressão, a condição de se julgar dono da verdade absoluta, da tirania de se entender melhor que os demais. Quando a arrogância se soma a todos estes fatores, facilmente as relações descambam para a violência ou para o destempero. E neste contexto, a razão foge diante da realidade dos fatos.
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2 comentários:
Tão logo o teto de um templo da Igreja Renascer, da famigerada bispa Sonia e seu igualmente afamado marido Estevan Hernandes, ruiu em São Paulo, matando várias pessoas, membros ou seguranças tentaram, felizmente em vão, impedir que câmeras de emissoras de TV que logo chegaram ao local registrassem imagens. Como era ao vivo, não conseguiram violar a liberdade de imprensa. Agora, mais uma vez, outra igreja tenta impedir o trabalho legítimo e constitucional da imprensa, desta eita a Igreja Universal do Reino de Deus, que controla a Rede Record de televisão através do milionário bispo Edir Macedo (duas mansões caríssimas em Campos do Jordão). É sintomático, portanto, a presença de trogloditas travestidos de segurança em seus templos. Quem não podem enganar, não pode entrar. Se entrar, não sai. É por isso que entendo que estamos vivendo uma farsa de liberdade de imprensa. Uma grande farsa.
Seitas pululam por todos os lados tentando amealhar os possíveis trocados restantes dos menos informados e equivocados em relação a algum tipo de religiosidade ou mesmo de fé.
Velhas desde a inquisição ou novinhas em folha, removem encostos, fazem pretensas curas milagrosas, pregam como objetivo o luxo semelhante ao de seus pastores, contradizem um mínimo de inteligência científica, pregam palavras vazias para mentes ôcas, vendem indulgências travestidas de óbulos ou contribuições até com carnês.
Agora sob a impunidade da justiça e de seus acólitos no Congresso estão muito próximas do "puder".
Será que terminaremos regidos por Talibãs....????
O caminho está aberto e se providências urgentes não forem tomadas pelo estado laico para o enquadramento das atividades prá lá de suspeitas dessas igrejas ou seitas, estaremos no caminho de uma ridícula pendenga religiosa armada, com combates entre as facções dentro em muito pouco tempo, como já ocorre entre as gangs e quadrilhas por todo País, só que neste específico caso será, como sempre, pra provar que meu deus é melhor que o seu...!!!
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