quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Anacronismo de Chávez completa 10 anos
Todo regime totalitarista se impõe pela força de seus exércitos ou de seus argumentos quiméricos, que costumam ocultar verdadeiras intenções com discursos de equidade social, de maior participação popular, de propostas reformistas. Tanto quanto são modernos nas palavras, mais retrógrados se apresentam na prática, sempre a driblar a percepção das pessoas que não conseguem ver o estreitamento dos valores democráticos.
Somente esta perspectiva explica a tolerância das pessoas com regimes que desrespeitam as liberdades individuais, os direitos econômicos da livre iniciativa e mesmo o poder de ir e vir garantido constitucionalmente na totalidade dos países livres. Há quem enxergue no domínio político totalitário o caminho para a paz, mas os modelos apresentados ao longo da história resultaram em desgraças nacionais com um alto preço a ser pago pelas populações exploradas.
Anacronicamente, a América Latina é profícua em ditaduras caudilhescas que relegam a região a uma posição menor no esquadrinhamento político mundial, elencada em categoria inferior por não incorporar os avanços e por não inserir-se na nova ordem mundial. A Cuba de Fidel resiste bravamente em suas concepções do século passado, nos últimos estertores que a empurrarão inexoravelmente ao modelo capitalista já aceito pelas novas lideranças que cuidam da transição pós-Castro.
Mais que a teimosia e reticência cubanas, a Venezuela se destaca no panorama político na figura de Hugo Chávez, que, na contramão da história, ressuscita um estilo caudilhete de governar e vai preparando uma base totalitária para impor o que chama de socialismo do século 21. Com intenção de perpetuar-se no poder, lança mão da arrogância estratégica de ter considerável reserva petrolífera e planta em terreno crítico as bases de sua revolução bolivariana.
Mantendo-se no cargo de presidente através de sucessivas mudanças constitucionais, Chávez anunciou a estatização dos serviços de telefonia e eletricidade, a modificação de contratos com as petroleiras estrangeiras, uma revolução na economia interna. No lado político, Chávez anunciou que pedirá ao Congresso – formado somente por situacionistas depois que a oposição cometeu o erro de se recusar a participar das eleições – poderes totais para legislar sobre “setores estratégicos e de segurança”.
Agora, pretende nova mudança constitucional que lhe garanta a reeleição indefinidamente. Entre os pontos da reforma proposta, Chávez planeja a criação de um “poder popular”, através dos Conselhos Comunais, que estariam na mesma escala do Executivo, Legislativo e Judiciário, com base na organização das comunidades e que seriam responsáveis pelo poder municipal.
Cheio de boas intenções no discurso, Chávez pavimenta uma nova revolução inspirada no modelo cubano, à revelia da tendência mundial. Resta saber até onde levarão os delírios de um líder instável na configuração política latina.
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