quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Um Brasil que se descortina para os jovens
O Brasil tem dimensões continentais e, por consequência, ostenta uma multiplicidade de costumes, de carências e até de linguagem que surpreende a todos os estudiosos que tomam contato com a realidade deste país que é tão diverso quanto possível, apesar de manter unificada sua identidade cultural. Das grandes cidades até os sertões, a realidade se transforma na paisagem diferenciada, na história de cada pedaço de chão, no contraste de metrópoles de Primeiro Mundo e a realidade rudimentar dos confins, misturando riqueza e miséria, civilização e natureza amalgamadas pelo destino.
Para se falar em verdadeira unidade nacional, é preciso romper fronteiras e transformar o povo brasileiro em uma única nação, partilhando suas diferenças e conquistas, seus problemas e soluções, com uma política de crescimento adequada para cada situação, cada região. As diferenças sociais devem ser sobrepostas e os projetos de integração e desenvolvimento devem contemplar todos os matizes da sociedade.
Para alguns poucos jovens, o verdadeiro Brasil se descortina através de ações de voluntariado. O Projeto Rondon, redivivo desde 2005, tem oferecido a oportunidade de estudantes universitários compartilharem suas experiências pessoais e acadêmicas com as comunidades mais distantes, levando programas de atenção social, de saúde, educação, com o objetivo maior de desenvolver cidadania, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável.
O Projeto Rondon foi uma ideia gestada no início da ditadura militar, tendo levado de 1967 a 1989 cerca de 350 estudantes universitários a todos os recantos brasileiros sob o lema Integrar para não entregar, propondo atividades de promoção social como agricultura familiar, saneamento, abastecimento, educação especial e cuidados de saúde. A relação com o período de exceção política fez o programa ser sepultado depois de 22 anos, para ser reeditado desde 2005.
Há todo um universo a ser descoberto pelos brasileiros. As fronteiras não são geográficas, nem físicas. Para cada região há uma cultura, uma forma de encarar o mundo que não denota necessariamente pobreza, que se pode encontrar nas grandes cidades, embaixo de pontes e em favelas, mas um modo particular de ser. Há questões básicas a serem enfrentadas e difundidas. Daqui pode-se levar noções de saúde, educação, desenvolvimento sustentável; de lá, pode-se trazer harmonia com a natureza, lições de cidadania e de vida.
É o Brasil dos shopping centers encontrando a beira do rio, a mata cerrada, o sertão seco e impiedoso, com suas histórias, seu modo particular de encarar a vida e se organizar. A troca é salutar e cada jovem envolvido no projeto volta com um brilho diferente no olhar, um discurso diferente, como que desvendado o segredo que une tantas pessoas diferentes sob o mesmo teto da Nação Brasil.
(Correio Popular, 4/2)
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