quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Consumo consciente de água


O consumo consciente de água é uma preocupação que deve ser constante, uma cultura que deve ser firmemente incutida no comportamento social, até mesmo como atitude preventiva contra um colapso de abastecimento que a cada dia se mostra mais factível. A falta de disponibilidade de água doce para atender toda a demanda global, deixa sobressaltados os técnicos que se debruçam sobre a questão. Estima-se que, somente no Brasil, 22 milhões de pessoas não tem acesso a água tratada; no mundo todo, este drama atinge um bilhão e 200 milhões de pessoas - 35% da população mundial.

Em regiões onde os rios parecem abundantes e os sistemas de distribuição atingem a grande maioria da população, torna-se difícil para as pessoas comuns dimensionarem a gravidade do problema, sendo bastante comuns os abusos, o desperdício e o descaso com as dificuldades e custos para se obter água em quantidade compatível com o consumo e a necessidade. Somente situações críticas e a cobrança de taxas de serviço elevadas despertam o interesse pela racionalização.

A maior eficiência na medição e cobrança do consumo de água é certamente um dos fatores que contribuem para a maior parcimônia no gasto em residências e empresas. O hidrômetro distribui justiça na aferição do consumo mas faz pesar no bolso do usuário do serviço, despertando a preocupação em reduzir despesas no orçamento doméstico. Não se pode desconsiderar ainda boa parcela da população que busca a mudança de hábitos a partir de maior consciência da necessidade de utilização consciente de recursos.

A par de todas as campanhas de conscientização da população, com reflexos positivos para a economia e o meio ambiente, é importante ainda que os serviços de captação, tratamento e distribuição de água desenvolvam tecnologia e apliquem investimentos contra as perdas através de vazamentos e ligações clandestinas. Na região do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jaguari, perdem-se 6,7 mil litros de água tratada por segundo entre a estação de tratamento e as casas, cerca de 36% da produção.

Todas as ações possíveis assumem caráter de prioridade, desde a preservação dos mananciais e maior eficiência no sistema de captação, tratamento, distribuição e consumo, tendo em vista a necessidade de garantir o futuro do abastecimento, ganhar tempo para medidas conciliadoras e exploratórias, e em respeito à população que tem a água como um bem extremamente raro.

(Correio Popular, 27/2)

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