quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Página virada para novas oportunidades


O ano de 2008 vai cerrando as cortinas sob um intenso noticiário que sacode as estruturas de todo o mundo, prenunciando um período de grandes transformações que farão das próximas décadas um marco histórico, um divisor de águas que representa uma radical mudança de rumos da humanidade. Os novos tempos não serão mais os que se podiam prever na virada do século, com interessantes perspectivas que abrirão uma época diferenciada, campo pródigo para oportunidades e empreendedores.

As expectativas do início do século estavam fortemente calcadas na versão neoliberal da economia, num mundo em convulsão com as transformações sociais do final do século 20. Os ataques de 11 de setembro de 2001 fizeram a sociedade parar para um momento de reflexão, de reavaliação de seus valores e da geografia mundial. Foi dada a munição para a era Bush, que derrubaria as intenções de quebra de fronteiras, de maior ajuda humanitária, da distribuição de riquezas e oportunidades. O mundo mergulharia num período de caça ao terror e de pânico histriônico que por alguns anos justificariam o clima de tensão instalado.

A caminho do fim da primeira década, o mundo é sacudido novamente com uma verdadeira bomba sobre o sistema financeiro. A crise econômica que deflagrou o maior período de tensão mundial das últimas décadas apenas mostrou sua face, estando ainda para serem avaliados os seus efeitos a longo prazo. A única certeza é que toda a preocupação sinaliza para uma reviravolta em conceitos da economia globalizada, onde se perderam ativos supervalorizados, obrigando a um retorno ao mundo real, de ganhos produtivos e redução do caráter especulativo dos grandes investidores. A lição foi clara e ditada em bom som, para que o castelo de cartas erguido em meio ao cassino de especulações não voltasse a se erguer, deixando ao largo da história nomes consagrados do capitalismo como Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq e golpista de US$ 50 bilhões, e os grande conglomerados que viram seus cofres esvaziados na noite para o dia.

O ano de 2008 poderá ser analisado no futuro como a virada histórica no sentido de uma civilização reconstruída em seus valores maiores. Os ganhos irreais e astronômicos voltam ao patamar da realidade. Os ânimos acirrados no Oriente Médio, que explodiram no conflito de Israel e palestinos, e os grandes vácuos humanitários que existem no Terceiro Mundo, retratados no imenso continente africano, são os primeiros desafios para esta nova era. É urgente que as novas políticas tenham o ser humano como prioridade, a harmonia entre os povos como objetivo maior, a justiça social como meta. Não é mais possível imaginar um mundo de poderosos e espertos se locupletando acima da fome e da miséria, da opressão ideológica e política, do preconceito e descriminação, criando armadilhas para os próprios pés.
O próximo ano pode ser o começo de um novo tempo, de valorização do trabalho, do bom senso nas relações, do respeito ao próximo. É o mínimo que se pode esperar e desejar a todos. Feliz Ano Novo!


(Editorial Correio Popular, 31/12)

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