A descoberta de uma jazida extraordinária de petróleo no nível do pré-sal é um acontecimento capaz de alterar a ordem natural das coisas, acenando ao País com a transformação do sistema de abastecimento de combustível fóssil e propondo uma transformação na economia tão profunda quanto os blocos a serem explorados. O Brasil deu um importante passo neste sentido, ao confirmar a descoberta de petróleo entre as bacias do Espirito Santo e São Paulo, com baixo risco de exploração, o que exige uma tomada de posição firme em relação aos procedimentos e normas que vão regular o modelo exploratório e compensador.
O lançamento oficial do programa do Pré-sal foi tomado pelas cores políticas. A cerimônia não poupou o tom eleitoreiro, com o ministra Dilma Rousseff à frente, e o discurso de Lula de forte teor nacionalista, remetendo ao movimento O Petróleo é Nosso, dos anos 50, que culminou na criação da Petrobras. O bordão “O petróleo e o gás pertencem ao povo e ao Estado” foi exaustivamente explorado, tendo sido mencionado várias vezes em discursos, transformando-se no bordão nacionalista do lançamento da campanha.
Passada a euforia do anúncio do novo tempo para a indústria petrolífera nacional, restam as críticas ao modelo apresentado. Pela importância e dimensão da questão, fez falta um maior debate com a sociedade e espaço para ajustes. Estados e municípios ficaram alijados da distribuição do dinheiro e certamente haverá uma grita geral. Teria sido muito mais proveitoso se o governo tivesse a preocupação de disciplinar um setor que sofrerá profunda transformação antes de se apropriar de um fato tecnológico como se fosse conquista pessoal.
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