quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aniversário de um crise de princípios

Em setembro do ano passado, o mundo foi surpreendido por um abalo financeiro sem precedentes em muitas décadas, com a crise financeira internacional sendo colocada às claras. Quando o banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers se declarou em concordata, uma sucessão de quebras, fusões e concordatas foram acontecendo, espalhando um pânico que seria o mote de uma crise estendida a todos os continentes.

A origem da crise foi facilmente diagnosticada. Os créditos hipotecários nos Estados Unidos se multiplicaram, e pipocaram por todo o país os empréstimos de alto risco, levando a uma espiral financeira de valorização de ativos podres. As garras do capitalismo especulativo avançaram sobre riquezas virtuais e os lucros foram criando bens inexistentes, gerando uma fatura quem passava de mão em mão como um mico que mais cedo ou mais tarde cobraria seu valor.

A quebra do sistema foi sintomática e os reflexos vieram na forma de um tsunami que abalou em cadeia as linhas de crédito, gerando desemprego, ruindo o caixa das empresas, refreando investimentos, afetando a balança comercial dos países, mergulhando a economia mundial em um quadro de profunda recessão. As previsões foram as mais sombrias e nem mesmo os maiores especialistas davam conta do receituário a ser adotado para impedir os efeitos desastrosos da crise. A prudência foi a primeira atitude a ser adotada e boa parte da falta de moeda circulante se deu para absoluta impossibilidade de traçar um caminho seguro.

Passado um ano do epicentro da crise, o sistema financeiro apresenta um quadro de desolação e grandes perdas. Aos poucos, as empresas vão se recompondo, o padrão de recessão vai se confirmando para as maiores economias do mundo e a contabilização de prejuízos aponta para uma tendência de normalidade, talvez em cinco anos. Mas a recuperação não aconteceu por acaso. Governos injetaram trilhões de dólares para socorrer bancos e financeiras, evitando que o efeito cascata do prejuízo levasse a uma derrocada geral.

No Brasil, o efeito da crise foi profundo, muito mais que uma marola. A falta de crédito engessou muitas empresas, limitando investimentos e exigindo cortes drásticos de pessoal e despesas. Aos poucos, o reflexo chegou às contas públicas, colocando os governos e administrações diante de um contingenciamento orçamentário forçado, obrigando a rever planos e programas. O estímulo ao consumo, o investimento em atividades produtivas, a liberação de crédito fez reverter a crise em espaço de tempo menor que o esperado e o País comemora o primeiro sinal concreto da reação, com um PIB positivo no segundo trimestre, que pode significar a antecipação do fim da recessão.
Se o horizonte é relativamente otimista, é preciso aprender a lição, repensar o modelo financeiro e valorizar a atividade produtiva e os investimentos em empreendimentos, dando as costas para o especulação predatória.

Nenhum comentário: