“De todas as calamidades que se abateram sobre o Século XX, além das duas guerras mundiais, a expansão da educação universitária nos anos cinquenta e sessenta é a mais duradoura. É um mito a crença de que as universidades são o berço da razão. São o abrigo de todo tipo de extremismo, irracionalidade, intolerância e preconceito; um lugar onde o esnobismo intelectual e social é propositadamente instilado e onde professores passam para os estudantes os seus próprios pecados de orgulho.
A nova forma de totalitarismo – a Mentalidade Politicamente Correta – é, inteiramente, uma invenção universitária.
O que me provoca reflexões sombrias é a lembrança de todo o desperdício produzido pelo modernismo. Perdemos duas gerações – meio-século- na busca pela feiúra. Talentos da pintura, desenho e escultura se perderam.
Nunca fui a um concerto de música pop ou a um jogo de futebol, nunca acompanhei novela de TV, nunca vi “A Ratoeira” ou “E o Vento Levou”, nunca concluí a leitura de “Em Busca do Tempo Perdido”, nunca li a revista “The Economist” ou “Time Out”, nunca tive um carro, nunca passei do limite da conta bancária, nunca compareci a tribunal. Ninguém nunca me ofereceu drogas, convidou-me para uma orgia ou me vendeu um contraceptivo. Jamais tive a menor vontade de possuir um quadro de Picasso, ter uma Ferrari, vestir um Armani ou morar em Aspen.
Jamais matei um peixe, caçei uma raposa ou esmaguei uma aranha – se bem que, uma vez,tentei esmagar uma tarântula no Recife.
Já fiz Charles de Gaulle se benzer, Churchill chorar e o Papa sorrir.
Considero-me um típico inglês do meu tempo, classe e idade, cujos pontos-de-vista, simpatias e antipatias são compartilhadas com multidões. Posso estar errado a esse respeito. Quando perguntada o que pensa sobre mim, minha mulher Marigold respondeu : “Difícil”.
(Trechos de “To Hell With Picasso”; Editora Weidenfeld & Nicolson, Londres, de Paul Johnson, citado no blog de Geneton Moraes Neto)
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