A greve do transporte coletivo de Campinas chegou ao cúmulo inaceitável da radicalização, do movimento que vem de encontro a qualquer medida razoável de negociação. A intransigência dos sindicalistas exacerbou e a cidade assistiu, mais uma vez, assombrada, a atos de violência, vandalismo e absoluta irresponsabilidade, ilegalidade exposta nas ruas, desafiando o poder de polícia do Estado. As intenções obscuras foram expostas nos índices apresentados pelo Sindicato da categoria, criando a ilusão de que o problema dos baixos salários de motoristas e cobradores poderiam ser resolvido por pressão descabida e inoportuna.
No segundo dia de paralisação, quando outra vez 600 mil usuários ficaram nas ruas sem a garantia de transporte que o acordo inicial previa, o caos reinou na cidade. Os ônibus circulavam em comboios escoltados, vários casos de agressão foram registrados, os piquetes recendiam a movimentos orquestrados para desestabilizar as negociações, as vítimas de todos os níveis se mostraram reféns de um grupo que não tinha propósitos ou barreira para seus atos agressivos e inconstitucionais.
O confronto é absurdo e a forma de ação altamente condenável. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Campinas e Região, hábil para levar uma oportunista paralisação da categoria, mostrou-se irresponsável por não saber conter os abusos registrados, inclusive ameaças explícitas de homens armados em motocicletas, intimidando trabalhadores e depredando veículos. Ao estabelecer o clima de confronto e desrespeito à população, os sindicalistas desafiaram o bom senso e devem responder por todas as consequências do movimento.
Alheio às formas de negociação modernas, sindicatos não raro colocam de forma arbitrária a opção pela paralisação mesmo em serviços públicos, colocando a população em geral no fogo cruzado de interesses, pagando o alto preço de apenas depender de transporte, atendimento de saúde ou depender de segurança. É o custo abusivo imposto pelos que insuflam as greves sem atentar que os maiores prejudicados nada têm a ver com a negociação direta entre empregados e empresas. Perde a cidade pelo caos armado de maneira arbitrária e irresponsável, e perdem os trabalhadores do setor, marcados pela inconveniência de seus atos e colocando por terra o que poderia ser uma justa reivindicação de justiça salarial.
(Correio Popular, 13/5)
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