Haverei sim de arrancar a faca cravada no peito...
Estancarei o sangue que restar
E olharei para trás, gotas vermelhas marcando o chão em todos os caminhos.
Olharei a imensa ferida-coração, aberta, escancarada.
Buscarei agulha e linha. Sim, haverei de costurar parte a parte, paciência infinita, até terminar.
Estancarei o sangue que restar
E olharei para trás, gotas vermelhas marcando o chão em todos os caminhos.
Olharei a imensa ferida-coração, aberta, escancarada.
Buscarei agulha e linha. Sim, haverei de costurar parte a parte, paciência infinita, até terminar.
Até olhar e reconhecer de novo um coração,
não importam os remendos.
Apenas, de novo, um coração...
Um coração novo com força pra pulsar vida!
Um coração novo com força pra pulsar vida!
E cuidarei então dos pés e pernas.
Que com tanta força imaginei poderem caminhar...
Agora tão enfrequecidos.
Tudo farei para fortalecê-los.
Agora tão enfrequecidos.
Tudo farei para fortalecê-los.
Vou tirar cada espinho.
No lugar, pomada feita de perfumes e esperança.
Esperança na coragem, na busca de novos caminhos.
Passo a passo, suavemente, em grama verdinha.
Terra úmida lançando no ar fragrâncias de vida...
Voltar-me-ei então para braços e mãos.
Aqueles mesmos que sonhei tão abertos, capazes de conter o mundo.
Braços e mãos agora caídos, sem força sequer para o próprio abraço...
E buscarei em minha mente restos de todos os sonhos.
Ecos. Imaginando que algo ainda seja possível...
Algo mais que castelos de areia soltos ao vento.
Apenas em algo de tudo que poderia ter sido.
(Será?, texto de Anita Motta)
2 comentários:
Juntas compartilhamos pensamentos e sentimentos. Juntas alçamos vôos e pousamos. Obrigada, Anita, por tão poderosas lembranças! Em você, de novo, continuo me achando...
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