A educação escolar é sempre apontada como o mais completo lenitivo contra a falta de cultura política, de civilidade e comportamentos inadequados de jovens. A formação acadêmica pretende mais do que simplesmente dotar crianças e jovens do estofo cultural, mas dotá-los de noções de convivência social, respeito, disciplina e interesse pelo conhecimento. Ao longo dos anos, as escolas aprimoraram seus projetos pedagógicos, tornando-se também a porta de entrada para uma existência sadia, de perfeita interação entre os docentes e alunos, em constante processo de aperfeiçoamento pessoal e coletivo.
Todos os indivíduos guardam sua vivência escolar as melhores lembranças, entre o aprendizado das disciplinas básicas, as amizades que atravessam os anos, o verdadeiro sentido de coleguismo e as experiências determinantes que desaguarão no adulto e profissional competentes e inseridos positivamente na sociedade. É nas escolas que se complementa a atenção familiar para a formação do cidadão, integrado pelos valores morais familiares e pelos ditames cobrados para sua completa inserção na sociedade.
O padrão ideal, no entanto, não pode ser estendido à realidade vivida por muitos estudantes, pressionados entre a visão prática de atingir metas de sucesso profissional ou o enfrentamento da dura verdade de escolas depredadas, professores desmotivados, falta de segurança, violência intramuros, currículos defasados, carga horária não cumprida totalmente, falta de formação mais extensiva. A esses problemas, soma-se a preocupação com a baixa frequência de estudantes nas escolas.
Segundo estudo divulgado nesta semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) os estudantes com idades entre 4 e 17 anos ficam, em média, apenas 3,8 horas por dia na escola, menos que o preconizado pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação. A ausência maior é na fixa de 15 a 17 anos, correspondente ao Ensino Médio, onde o número de horas diárias que o estudante passa na escola é 3,5. Vários fatores contribuem para esta realidade, como o desinteresse dos estudantes com o estudo, o descompromisso com a escola e o currículo, falta de professores e absoluta falta de alternativas complementares à educação.
Alguns esforços tentam corrigir esta deficiência. A extensão da jornada escolar tem sido buscada através de vários programas, esbarrando sempre na falta de estrutura adequada para atender à clientela em período maior. Da mesma forma. o governo federal aposta no programa Mais Educação, onde são repassados recursos para investimentos em instrumentos musicais e elementos para quadras poliesportivas.
Na realidade, faltam professores, monitores, bibliotecários, material pedagógico e mesmo um planejamento adequado que implique em ganho aos discentes e não apenas a tentativa de ocupá-los por mais algumas horas. É preciso que o investimento seja constante e ao passo da disponibilidade de professores melhor preparados e sem sobrecarga horária, e uma escola padrão que viabilize um relacionamento franco e produtivo com os estudantes, além de uma verdadeira experiência de vida.
(Correio Popular, 30/4)
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