terça-feira, 29 de setembro de 2009

Toque de recolher para jovens

A educação dos filhos é uma tarefa das mais prazerosas e também a mais complexa, por envolver um alto nível de responsabilidade e representar a pavimentação da personalidade das crianças no sentido dos valores da família. A integração social é uma busca constante, obrigando pais e educadores a uma atenção especial em cada fase da vida, oferecendo o instrumental para que cada um desenvolva sua vocação pessoal.

Os tempos modernos vêm determinando uma série de mudanças nos hábitos e comportamentos, exigindo que os padrões sociais sejam sistematicamente confrontados, adaptados às novas linguagens de relacionamentos, à inclusão de elementos inovadores de tecnologia e à abertura da linguagem de comunicação das novas gerações, que se formam no espaço onde o acesso à informação é facilitado de forma inusitada.

As escolas, os locais de encontro, as formas de lazer tomam formas muito diferentes de algumas décadas atrás, propondo modelos e ritmos de vida que são um constante desafio para as pessoas. Para os jovens, é o tempo da constante descoberta, o descortinar de um mundo sempre novo a ser explorado, sem medir consequências individuais ou coletivas. Para os adultos, um período de transformação ininterrupta, oferecendo opções e cobrando decisões a cada nova perspectiva oferecida.

Muito embora o caráter educativo seja inato ao ser humano, nem todas as famílias conseguem atingir um mínimo de harmonia no ambiente de formação dos jovens. O que se vê em muitos casos é a excessiva liberdade de escolha, a falta de atenção contínua e o abandono das responsabilidades de pais e educadores, que por vezes se omitem até que se criem situações críticas e sérias. A falta de controle sobre a vida de crianças e adolescentes acaba provocando situações de alto risco que poderiam ser evitadas a partir de uma convivência mais estreita e um canal aberto e franco de diálogo.

Em entrevista publicada no Correio Popular, o promotor de Justiça de São Paulo, José Carlos Blat, defendeu que se adote na Região Metropolitana de Campinas (RMC) a proibição para crianças e adolescentes com menos de 18 anos de ficarem fora de casa desacompanhados após a meia-noite, para evitar o envolvimento com a criminalidade e expô-los a situações de risco. A polêmica medida contempla uma preocupação com o desvirtuamento do comportamento de jovens, que têm amplo acesso a todo tipo de ambiente e consumo de bebidas, muitas vezes à revelia dos responsáveis diretos.

Nada é motivo de preocupação, uma vez que qualquer restrição atingiria justamente aqueles menores que estiverem nas ruas desacompanhados tarde da noite. Já é passado o tempo em que as pessoas podiam usufruir de segurança dia e noite na cidade. As situações de insegurança são evidentes e é preciso adotar medidas drásticas, seja para evitar o crescimento da criminalidade ou para estender a proteção às crianças e adolescentes que vivem à margem da atenção de seus responsáveis.
(Correio Popular, 28/9)

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