segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sobe a estrela do oportunismo peemedebista


Existem vários efeitos nefastos que são provocados por decisões políticas equivocadas e que somente podem ser percebidos ao longo dos processos subsequentes, mostrando o quanto o desacerto de medidas pode se transformar em pesados ônus para a sociedade, demandando longos períodos para a retomada da normalidade. Muitas vezes, os efeitos notados de políticas são negativos, mas a consequência futura acaba por justificar os passos dados. No sentido inverso, a aparente bonança pode reverter em graves problemas à frente.

O Brasil vive um momento de contrastes, auferindo os louros de um período de relativa tranquilidade e estabilidade econômica, ao tempo em que inaugura um novo tempo de relações institucionais fragilizadas, graves desacertos dos governos, um Congresso desmoralizado e um poder Judiciário interferente e pouco objetivo, envolvido em trama que vem desconstruindo os processos democráticos. Uma tremenda confusão, arquitetada e executada com maestria pelo presidente Lula.

Em nome de um mau definido pacto de governabilidade, o balcão de negócios em que se tornou o Congresso Nacional foi tomado de assalto pela tropa de choque petista, na sanha de obter apoios e sustentação política ao projeto único de manter-se no poder, a qualquer custo, sob condições fora de discussão de fundo ético. Ao que ficou cabalmente demonstrado foi a pretensão absoluta de assegurar o projeto de poder, que carece de um verdadeiro programa de governo que lhe dê sustentação.

De há muito, o PMDB é um partido de notável habilidade de colocar-se como principal coadjuvante de qualquer governo, transformando-se mesmo em grande aglomerado de interesses que podem variar ao sabor dos apoios e das necessidades. Podem assegurar sustentação de Collor a Lula com a mesma facilidade com que colocam na mesa de negociações a sua estrutura que se fortalece quanto maior for a fragilidade dos governos.

Como o projeto de Lula não se extingue no segundo mandato, tendo em vista os anunciados 25 anos no poder, diante da dificuldade de construir uma base forte, chegou a hora do PMDB tomar o poder de fato. Somente os mais recentes episódios das eleições das presidências do Congresso mostram o poder de fogo da legenda, que conseguiu o feito de constranger toda a bancada petista para arquivar as denúncias contra José Sarney, agora aliado sentado à direita do presidente da República.

As recentes e importantes defecções nos quadros do Partido dos Trabalhadores, em especial da senadora Marina Silva, mostram o quanto o PT se presta a mero coadjuvante de um projeto de manutenção no poder, sem discurso, programa ou ideologia. Em seu lugar, cresce a estrela da sorte do PMDB, oportunista e conveniente, sedimentando uma sólida base eleitoral para o próximo ano e acumulando cacife para intervir decisivamente em questões políticas e até estratégicas como a exploração do pré-sal.

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