A paixão pelo esporte se justifica pela caráter lúdico do jogo, que contrapõe duas equipes que carregam os símbolos, as cores e as tradições de cada time, numa efervescente disputa pelos prêmios que, antes, eram troféus e faixas que causavam orgulho de seus ganhadores, substituídos pelo pragmatismo dos contratos milionários e da projeção de celebridades. Os clubes são hoje a ponta de grandes conglomerados que envolvem interesses em mídia, empresas fabricantes de material esportivo, até uma rede de administração do fluxo de atletas de um clube a outro, em transações de milhões de euros.
O envolvimento da torcida também passou por mutações, mas ainda mantém sua origem de identificação com a história do seu time, a paixão que é manifesta nas arquibancadas ou mesmo em frente a aparelhos de televisão ou rádio, no uniforme com o escudo tradicional, num amálgama de prazer e sensação de pertencimento a um grupo maior, unido pelos mesmos gritos de estímulo e prazer pelas conquistas.
Quando o papel do torcedor extrapola os limites da platéia e da conversa com colegas, a torcida passa a ser uma questão doentia, um problema de segurança que precisa ter encaminhamento nos distritos policiais, aplicadas as sanções legais àqueles que não conseguem se comportar com o mínimo de civilidade. O episódio do confronto entre torcedores da Ponte Preta e policiais ao final do jogo de sábado não é, infelizmente, um fato isolado. Não marca a trajetória de um clube, tampouco pode ser estendido a toda uma torcida.
O vandalismo e a agressividade não tem bandeira nem cores. Acontece na vitória e na derrota, atendendo ao instinto selvagem de grupos que se infiltram entre os verdadeiros torcedores, transformando os jogos em situações de risco.
É preciso dar um basta a este tipo de atitude. Os próprios clubes têm parcela de responsabilidade ao darem espaço para os líderes destes grupos, que, via de regra, são facilmente identificados. O melhor lugar para os policiais é cuidando dos interesses maiores de segurança da sociedade, não se submetendo ao capricho delinquente de pequenos grupos que fazem do esporte o pretexto para se mostrarem animais. O lugar dos torcedores é na arquibancada, incentivando ou criticando seu time, mas nunca arremetendo violentamente contra atletas ou dirigentes. E o lugar dos baderneiros é na cadeia e bem longe dos estádios.
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