sábado, 7 de março de 2009

O cobertor curto da segurança


A garantia de segurança da população é um item que se obtém com mais do que intenções das forças policiais. É necessário um esforço constante, embasado em conhecimento das causas e efeitos dos atos criminosos, a assimilação da tecnologia disponível e uma infraestrutura que dê conta de atender a todos os casos através de programas de prevenção, do policiamento ostensivo e de serviços de inteligência. A falta ou mau funcionamento de qualquer parte do conjunto faz com que os cidadãos estejam reféns de bandidos, ameaçados em seus lares, impedidos de circular com tranquilidade, sobressaltados com os riscos de perda de patrimônio.

O Brasil vive hoje um momento delicado em relação ao combate à violência. O casos se multiplicam e a sensação maior é que a impunidade se sobrepõe à aplicação da justiça e as companhias seguradoras são a melhor opção de resguardo do direito. De tempos em tempos, as autoridades policiais mostram empenho no trabalho, atingindo pontos frágeis que ameaçam a sociedade. Intensificadas as ações, os resultados tendem a aparecer com a redução de ocorrências específicas, mas análises técnicas mostram uma tendência irônica de recrudescerem em municípios ou regiões próximos.

Depois de um resultado animador no ano passado, as estatísticas sobre roubo e furto de veículos em Campinas apontam para o aumento de 20% de vítimas desses crimes, à razão de 23 pessoas em média por dia. Vários fatores poderão justificar a volta do interesse de bandidos em veículos, como a proliferação do comércio clandestino de autopeças, compra e venda de sucatas ou a simples clonagem de carros que são maquiados em outros territórios. A evidência, no entanto, é que a estrutura criminosa é alimentada pela falta de repressão, facilidade de operação comercial com o material furtado ou roubado, a rede que garante a impunidade de bandidos e quadrilhas dentro e fora dos presídios, e principalmente, inoperância policial com tantas dificuldades e falta de recursos físicos e pessoais mínimos.

Para estabelecer um padrão de segurança, é preciso quebrar o círculo vicioso da desfaçatez dos criminosos e da alegada falta de recursos. São necessários investimentos e cabe à sociedade exigir que o aparato policial seja condizente, sob pena de arrastar o medo e o sobressalto para a rotina das pessoas. O Judiciário deve ser ágil, firme e coerente, com o mínimo de tolerância, fazendo com que saiam de circulação os desajustados e violentos. Não é mais possível que a sociedade viva o descrédito no sistema que lhe deveria oferecer proteção. Nem é mais o caso de questionar apenas o custo de prêmios de seguradoras, mas o constante risco a que a população se submete como assustadora rotina.

(Correio Popular, 7/3)

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo Rui

Faz alguns bons anos, gravando uma palestra em Campinas-SP do então Ministro da Marinha e dos Transportes, à época "candidato à vice-presidência da república" ainda sob a ditadura militar de 64 o Almirante Augusto Hamann Rademaker Grünewald, homem brilhante e grande brasileiro, embora militássemos em campos diametralmente opostos, ouvi e gravei em vídeo algo que se enquadra nas suas palavras perfeitamente.

"Para o tráfico de drogas e para a criminalidade de roubos e furtos, enquanto houver consumidores haverá fornecedores e o mercado da corrupção crescerá e proliferará."

Nosso problema de segurança visto por esse ângulo, pode ser analisado mais como cultural do que de investimentos, pessoal, repressão, novos depósitos de presos, etc....
Cabe até uma sugestão do Islã.......acabemos com as cadeias, apliquemos todo investimento em educação, cultura e saúde, e estabeleçamos penas livres desde leves mas exemplares, até de radical eliminação dos reincidentes ou criminosos hediondos; paralelamente baterei na mesma tecla, elejamos estadistas inteligentes e competentes.