O combate à violência é um processo contínuo de ações preventivas, de atendimento às necessidades da população, de investigação de crimes, da implantação de serviços de inteligência e grupos policiais altamente especializados, sem o que não será possível reduzir os nefastos indicadores a níveis que sejam minimamente compatíveis com a realidade. O crime tende a se estruturar, de forma que aos poucos vai estendendo seus tentáculos de influência onde o aparato de segurança pública é falho e omisso. Em verdade, a realidade mostra que o crime não é organizado, a polícia é que não consegue se impor.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública de São Paulo divulgou balanço dos índices relacionados a crimes, mostrando que Campinas registrou pelo terceiro ano consecutivo uma redução no número de homicídios, furtos e roubos. Conforme reportagem mostrada na edição de domingo do Correio Popular, os números mostram redução de 28,3% nos casos de roubo de veículos e de 7% nos furtos a veículos nos primeiros nove meses do ano comparados ao ano anterior. Os homicídios tiveram importante redução de 15% no mesmo período.
Os dados aparentam uma grande melhoria nas condições de segurança, mas devem ser analisados com cuidado. Embora haja motivo para se mostrar otimistas com os resultados, há que se considerar que a visão sobre segurança deve ser menos focada na cidade e na região. Ao tempo em que se noticia a redução de roubo e furto de veículos em Campinas, pode-se noticiar o crescimento da modalidade de crime nas cidades vizinhas, para onde se deslocam as quadrilhas a cada reforço policial concentrado na sede da Região Metropolitana. Há ainda a preocupação com a exclusão de crimes como seqüestro, latrocínio e tráfico de drogas do levantamento apresentado, ainda mais quando se sabe que neste ano já houve mais casos de roubo seguido de morte que no ano passado.
A sociedade brasileira vive tempos de temor, sobressaltada com os casos de violência que parecem se multiplicar, mostrando a verdadeira face de um sistema que se encontra combalido, sem bases de promover a segurança das pessoas e do patrimônio. O esgarçamento do tecido social contrasta com o entusiasmo que se procura buscar, mas que acaba sufocado entre muros altos, carros blindados, cercas eletrificadas e serviços de segurança.
As estatísticas algumas vezes podem apresentar dados que com certeza apontam alguns acertos no sentido de fazer frente ao crescimento da violência. Mas certamente as próprias autoridades haverão de reconhecer que ainda há muito a fazer. A redução de alguns indicadores não combinam com a sensação de insegurança do cidadão comum, a quem não importam alguns números diante da realidade dura e cruel de viver assustado, temendo pelo próximo passo, sem garantia de integridade ou de vida. São elementos que as frias estatísticas não costumam detectar.
(Editorial Correio Popular, 30/12)
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