terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A longa espera da Saúde

O atendimento de saúde é um problema que remete uma região de enorme potencial como a Região Metropolitana de Campinas (RMC) a padrões de terceiro mundo, com uma legião de pacientes dependentes de esforços e investimentos públicos para terem o atendimento essencial. As carências são enormes e os requisitos exigem uma ação forte e coordenada para suprir a defasagem que ainda obriga que os cidadãos façam verdadeiras peregrinações em busca de uma consulta, um diagnóstico, um medicamento ou atendimento especializado.
Há décadas que a Saúde foi priorizada nos planos de governo, mas os resultados ainda se mostram acanhados, mal conseguindo suprir a demanda do crescimento da população sem corrigir deficiências que se aprofundam na proporção da falta de recursos e de uma política séria para o setor. As longas filas de espera, a dificuldade de obter uma simples consulta que muitas vezes se dá por atacado, o agendamento para especialidades médicas e até mesmo cirurgias atestam que o sistema está doente e os pacientes agonizam à espera de melhorias que parecem não ter caráter de emergência.


As dificuldades enfrentadas nos municípios da RMC levam muitos pacientes a se submeterem a périplos humilhantes em busca de uma atenção que lhes falta. As más condições das unidades básicas de saúde, a falta de hospitais e médicos especialistas fazem com que milhares de pessoas circulem pela região em busca de tratamento. Uma destas mecas de Saúde é Campinas, onde o Hospital de Clínicas da Unicamp, Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, ao Centro Infantil Boldrini e Hospital Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) se tornam referências para outras cidades.

O problema é sério conforme mostra reportagem nesta edição, submetendo pacientes a longas horas de espera, agora pelo simples transporte coletivo que poderia levar-lhes de volta em poucas horas, mas que estende a demora para todo o dia. Os relatos são comoventes e mostram em grande parte o conformismo diante de uma situação em que não cabe o adiamento ou a rejeição. A saúde é um bem que não tem preço, na opinião de um dos entrevistados.

A vocação metropolitana da região é avaliada exatamente diante de problemas deste naipe. A busca de soluções para a Saúde não pode passar ao largo dos fóruns instalados para debates questões comuns e que afetam a todos, apontando caminhos racionais e logísticos que podem melhorar o quadro de atendimento e otimizar investimentos. Por isto, soa racional e produtivo o projeto de implantar um sistema regional de transporte em saúde para atender os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e acabar com o sistema de vans bancado pelas prefeituras. Além do transporte, estuda-se a reforma e ampliação de 42 unidades básicas na região, um sistema metropolitano de identificação de usuários, além da criação de um plano diretor de desenvolvimento de tecnologia, informação e comunicação.

As propostas estão na mesa e sua implantação está prevista para até o final do próximo ano. Espera-se que os novos prefeitos referendem e aperfeiçoem as metas, fazendo sua parte para efetivamente promover a integração da RMC.


(Editorial Correio Popular, 23/12)

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