Os chamados movimentos sociais sempre tiveram um papel fundamental na organização da sociedade, agregando grupos com propósitos definidos e estratégias para conseguir os intentos diante do Estado. A reivindicação adquire contornos legais quando feita de forma organizada, dentro dos pressupostos de legitimidade, urgência, segurança institucional e direito constitucional.
A capacidade de organização tem sido um trunfo da sociedade, que ao longo dos anos foi aperfeiçoando e dando forma aos meios reivindicatórios, elencando as necessidades e partindo para a luta atrás de soluções que podem depender da intervenção estatal ou se apoiar em recursos privados ou institucionais. Nos anos do Estado Novo até meados dos anos 60, o movimento sindicalista exerceu papel fundamental na construção da nação, mobilizando e politizando os trabalhadores, deflagrando um movimento que atravessaria décadas até desaguar na frente sindicalista de oposição à ditadura militar. Seu raio de influência na sociedade esmaeceu-se a partir dos anos 90, ainda que tenha alçado sua liderança à Presidência da República e levado à construção de um Estado corporativista.
Nos anos 80 do século passado, os movimentos sociais adquiriram um perfil diferenciado, sendo sua maior expressão os grupos alinhados à chamada Teologia da Libertação, que se desdobrava em trabalhos nas pastorais e infiltrou-se em grande parte das articulações sociais pendentes à esquerda. Foi a época do neosocialismo e a busca de um discurso e uma identidade para a esquerda brasileira, que se transformaria anos depois.
Um dos resquícios do radicalismo foi personificado no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), aberto como uma organização voltada à reivindicação de uma ampla reforma agrária, mas que se desfigurou a ponto de perder a sua legitimidade a partir de atos de violência, política rasteira e ilegalidades. Uma das dissidências do MST vem de protagonizar mais uma invasão na região: um grupo de 500 invasores vem peregrinando desde Casa Branca e Mogi Mirim, instalando-se em propriedade particular às margens da Rodovia Adhemar de Barros, em Santo Antonio de Posse, em área preparada para plantio pelo proprietário, que solicitou à Justiça a reintegração de posse.
As condições das famílias são duras. Acampados em tendas improvisadas, com mulheres e crianças, sem condições de higiene, sem água, não podem trabalhar a terra, não têm perspectiva positiva de se instalarem definitivamente, provavelmente aguardam orientação de seus organizadores para saber qual o próximo destino, como títeres nas mãos de grupos que agem politicamente, utilizando a boa-vontade dos sem terra como massa de manobra.
É preciso inverter esta disposição. Grupos antissociais não deveriam utilizar os sonhos e esperanças de famílias inteiras, arrastando-os em promessas inviáveis e desafiando a lei com intenções obscuras que excedem o simples interesse por reforma agrária e uma terra para plantar.
(Correio Popular, 28/11)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Olá Rui
Grupos de espertalhões fazem de políticas chulas & religiões de fancaria, meio-de-vida, usando da ignorância, boa fé ou também esperteza/indolente, dos grupos desassistidos, seja cultural, econômica ou socialmente, gerando mais miséria e problemas, que costumam eclodir de maneiras desastrosas, bolivarianas, bolcheviques, kuomintangs, castristas, etc..., atitudes que costumam dar sempre em becos sem saída e atraso no desenvolvimento de sociedades liberalmente limitadas, mas com enorme projeção e lucros para os líderes de porão. O caminho do MST já é sem volta. Ou se resolve por bem, ou será muito pior se os atingidos, a população agrícola realmente trabalhadora e prejudicada, tomar as decisões em suas próprias mãos.
O MST invade, destrói, mata, sequestra, incendeia e os agricultores de verdade ficam dependentes da Justiça (?), que como sabemos é "tarda e falha" além de em alguns casos ser preconceituosa, vendo o trabalho de gerações ser destruído por idéias estúpidas ou até, em alguns casos, tentativas de apropriação indevida e desonesta de propriedades.
É inadmissível permitir mais essa velhacaria, assistindo passivamente as manobras de dirigentes e seguidores malandros, financiados com dinheiro público e suas hordas, atiçados e açulados pelos governos em momentos específicos para desviar a opinião pública, como ferramentas de manobra.
A continuar assim, este caso tem todo o aspecto de acabar mal, muito mal mesmo e o governo com a pífia desculpa de sempre, de promover a estabilidade, terá então a ridícula desculpa de intervir para pacificar e estabelecer novos parâmetros "democráticos" ..... talvez uma eternização de uma democracia petistica. Que horror!
E o pior de tudo é que as pessoas iludidas e realmente necessitadas, continuarão sem assistência, perdidas, enquanto os pseudo-líderes irão se refestelar em palácios, mais uma vez com dinheiros públicos, em meias cuecas e até alguns lugares impublicáveis.
Esta é a nossa política e estes são os nossos políticos.
Abraço
Postar um comentário