A consciência popular vem se aperfeiçoando no Brasil, sendo maior o número de pessoas que adquirem conhecimento e discernimento das questões políticas. Os escândalos que têm pautado a vida pública no País levaram a população a um alto grau de indignação, fazendo com que muitos cidadãos se sentissem impotentes diante de tanta corrupção, bandalheira e impunidade. Os desacertos são tamanhos que o conceito desfrutado pela classe política é o mais rasteiro possível.
Em todas as análises, prevalece a opinião de que é necessário mudar, promover a mais profunda mudança institucional por que o País passou em décadas, resgatando a austeridade e a honestidade como valores morais. Os políticos são vistos hoje pela maioria como um bando de espertos que se locupletam à vista de todos, sem cerimônia, acumulando privilégios e benefícios imerecidos e descontextualizados. Em poucas palavras, a classe política é uma vergonha nacional, ainda que se possam pinçar alguns nomes que se sobrepõem à sujeira institucionalizada.
Diante da coronelização do poder, dos conluios vexaminosos em nome da governabilidade, do compadrio que tudo acoberta, da omissão da Justiça, sobra aos cidadãos o poder do voto, capaz de promover mudanças dentro de padrões constitucionais, elevando o nível da representação política, de forma a respaldar a legitimidade do exercício de mandatos eletivos. A cada eleição que se aproxima, renovam-se as expectativas de uma possível reforma do quadro político com a substituição dos envolvidos em escândalos. Frustradas esperanças, já que muitos políticos se mantêm com o voto de cabresto, alienado, comprometido com promessas falsas como as certidões de idoneidade.
Com a proximidade das eleições do próximo ano, já antecipadamente marcada pelos abusos de poder, de manipulação de recursos públicos e antecipação irregular de candidaturas, reacendem-se os movimentos independentes pela moralização na política. Algumas entidades ligadas ao combate à corrupção no País anunciaram um programa de conscientização do eleitorado para atingir uma pretensiosa meta de renovar 60% do Congresso Nacional.
A estratégia consiste em divulgar maciçamente o nome de deputados e senadores envolvidos em questões na Justiça, denúncias de corrupção, antecedentes comprometedores, além de procedimentos éticos como gastos com verbas indenizatórias, passagens aéreas, envolvimento com doadores de campanha. Nas últimas eleições, o índice de renovação dos quadros ficou na casa dos 40%.
A mudança da estrutura político partidária brasileira configura uma eleição onde deverão prevalecer valores individuais e projetos de grupos, deixando de lado o debate ideológico ou o perfil dos partidos, hoje transformados em agremiações com votos negociados na vazão dos interesses. Com isso, ganha força a perspectiva de uma melhora a partir de um voto crítico que identifique os melhores candidatos.
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