Todo programa de empreendimento bem sucedido tem início pela correta avaliação do potencial da atividade, da disponibilidade de infraestrutura operacional, pela viabilidade comercial e pela segurança empresarial, garantida pela estabilidade das instituições, do equilíbrio econômico e pelas perspectivas de investimentos. Sem os fundamentos de segurança indispensáveis, não é possível lançar previsões ajustadas que possam oferecer aos empreendedores e investidores as bases dos negócios.
O Brasil vive um momento de extraordinárias possibilidades de crescimento, calçadas em um sistema econômico que agora oferece resultados, alavancando um futuro promissor que pode ser desenhado a partir a inserção do País em uma conjuntura global favorável. Poucas vezes na história brasileira se pôde vislumbrar oportunidade de alcançar um patamar de desenvolvimento como atualmente, mas as questões de infraestrutura chegam a ser preocupantes. É o caso do fornecimento de energia, setor crítico e essencial, por onde passam todas as metas de geração de riquezas e empregos. A ameaça de um apagão e racionamento que pende como ameaça desde o ano passado é tema recorrente, exigindo do governo Lula uma posição estratégica que sustente o discurso desenvolvimentista.
A falta de energia que atingiu grande parte do país na noite de terça e madrugada de ontem foi mais que um susto. Embora as causas e consequências não tenham sido devidamente apuradas e não permitam uma comparação com a crise de 2001, disparou o alarme da instabilidade do setor, que exige investimentos pesados, uma definição técnica de uma política energética consistente e sustentável e garantias claras que deem resguardo a todos os projetos de desenvolvimento.
A lição de 2001 precisa ser aprendida. Foram 260 dias em que a população se obrigou a baixar o consumo doméstico, desligando lâmpadas, geladeiras, eletrodomésticos, sob o risco de multa e cortes de energia. Nas empresas, o risco de consumo elevado exigiu esforço de contenção nos gastos e investimentos em sistemas geradores alternativos para não afetar produção. Ficou evidenciado que o setor público desdenhou a possibilidade de crise e coube ao empreendedor o ônus de compensação de investimentos.
A crise do setor elétrico tende a se agravar. A nomeação política de um ministro em setor estratégico mostra mais um equívoco do governo. Nem mesmo os erros de gestão que levaram ao apagão no governo de Fernando Henrique Cardoso foram suficientes para que se adotasse uma política consistente para o setor. O acidente desta semana pode ter justificativas técnicas imponderáveis, explicações que poderão tranquilizar a ansiedade dos que buscam garantias, desculpas que poderão minimizar os problemas individuais decorrentes do apagão. Mas será preciso mais que discursos para restabelecer a confiança em um governo que ocupa setores essenciais com o pagamento de faturas eleitorais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário