Esta semana é um marco para o século 21. Mais do que as grandes transformações políticas e sociais que podem alterar a face do mundo moderno, além do flagelo da Natureza que se faz presente, em silencioso mas trágico protesto, a nação mais rica do planeta deu novamente as cartas para a escolha do seu presidente, sob a expectativa e olhares atentos de todos. Depois de dois mandatos consecutivos e desastrosos de George W. Bush, marcados por uma obsessão bélica e pelo discurso conservador de levar ao mundo o american way of life, a sociedade aspira por novos tempos que varram do horizonte os maus presságios de um grupo que fez questão de caminhar no sentido contrário da integração, da harmonia, da convergência econômica ao sentido de uma humanidade mais solidária.
A expectativa em relação à eleição do novo presidente norte-americano se justificou pela necessidade de se fazer uma nova leitura da geopolítica internacional, atentando para questões sérias que enodoam o mundo. Por óbvio, o maior desafio está no enfrentamento da crise econômica emergida nos últimos anos Bush, fruto do autocentrismo norte-americano e que apresenta uma conta amarga a ser paga por todo o mundo. Os democratas nadaram no favoritismo por conta do destempero de se mal administrarem os créditos imobiliários, mas nem Obama nem McCain colocaram na mesa as soluções de uma crise quem ainda não mostrou a sua verdadeira face e conseqüências.
A torcida pelo desempenho de Barack Obama tomou conta das mentes mais liberais. Apresentado como a antítese do conservadorismo, com um discurso mais moderno e abrangente, um sorriso contagiante, o primeiro negro a subir as escadas da Casa Branca traz em si a emblemática visão anti-belicista, a quebra do preconceito, da revisão de valores que sempre impediram um olhar mais atento para o que esteja além das fronteiras, mais ainda em outro hemisfério. Obama é festejado como o bom moço, aquele capaz de fazer da política um fator de entendimento entre as nações.
Que não se enganem os otimistas em pensar que bons ventos irão estufar as velas do desenvolvimento nestes trópicos. Com a economia em frangalhos e um país às voltas com a humilhação de três guerras improváveis, é natural que o novo presidente tenha atenções primeiras para o seu próprio quintal, de forma a garantir o crescimento interno e a recuperação da classe média. Sendo a maior economia do mundo, Obama terá como primeira e fundamental tarefa fazer frente à crise econômica internacional.
Quanto às perspectivas latinas e brasileiras, pode-se esperar uma política interna mais protecionista, avessa ao discurso de livre comércio de tradição republicana. Embora os ares liberais do novo presidente o credenciem a um esgar de esperança, é certo que Obama será fiel aos seus compromissos com os norte-americanos antes de voltar aos seus princípios universais enumerados no calor da campanha.
(Editorial Correio Popular, 6/11)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
O que esperar de Obama? Que não seja ele o "papa negro" de uma das professias de Nostradamus. Dizem que ele previu que a Igreja Católica sucumbiria quando elegesse um papa negro. E, por tabela, o mundo também iria pro beleléu, mergulharia no caos. Teóricos que dão crédito a suas previsões acreditam que ele estava certo, no contexto da época. O poder era a Igreja, ó imério de então, com sua influência sobre reis e reinos. Como ele se referia ao futuro, o Império bem poderia ser os EUA, e o papa, ou líder máximo, negro, Barak Obama. Rezemos, pois!
Embora estejamos caminhando para o centro de uma crise sem precedentes na história, temos que ser otimistas. Mas eu ainda acho que as tropas no Iraque e no Afeganistão não vão ser retiradas, e que nós, latinos, produtores de etanol e reis do futebol,vamos continuar sendo baixa prioridade na agenda da Casa Branca. Ou seja, toquemos nossas vidas.
Postar um comentário