A sociedade tem a sua proteção garantida pelo Estado, responsável pela implementação dos instrumentos de combate ao crime, cerceamento da violência e manutenção da ordem e da paz. Agindo em todas as vertentes como um corpo operacional, exerce o poder de polícia e justiça, ordenando o comportamento das pessoas e estabelecendo regras de convívio.
Quando o sistema se mostra ineficiente, cresce a indignação e a cobrança por segurança. A população ameaçada mostra-se impaciente e exigente, vítima nas mãos de grupos marginais que a cada dia aprimoram seu modo de agir, organizam-se em projetos ilícitos, colocam em risco a integridade física e patrimonial dos cidadãos. Nesse contexto, crescem os indicadores de violência, potencializados pela ação de uma polícia com limitações de estrutura, que procura resolver pendências com o justiçamento sumário de bandidos e inocentes.
Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) conclui que no Brasil a situação da violência está fora de controle, com a falta de políticas consistentes de segurança e com execuções extrajudiciais promovidas pela polícia. O documento ressalta que os assassinatos de esquadrões da morte, policiais e milícias informais teriam o apoio de boa parcela da população brasileira, que também não acredita em operações grandiosas para garantir a segurança.
A análise esbarra no equívoco de interpretar a tolerância aparente da sociedade como aval para a violência como estratégia para combater o crime. Na prática, é como propor a sumária extinção da lei e assumir o caráter de uma guerra civil para gerir um regime de exceção. Em verdade, as pessoas rendem-se ao inevitável que é a necessidade da sua própria proteção a qualquer preço. Só que não parece disposta a pagar indefinidamente por um sistema que, em essência, é apenas a outra face do crime.
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