Quando as comunidades começam a se compreender como nações, como grupos organizados em seus estamentos econômicos, há a necessidade de se instituir um sistema de pagamento e recebimento de valores que dê dimensão adequada à troca de mercadorias, sistema impensável no sistema maior em que produtos, bens e serviços entram na cesta de consumo das pessoas. A criação do dinheiro não é nova na história da Humanidade, mas ganhou dimensão globalizada a partir da Idade Média, com a circulação maior de pessoas ao redor do mundo em ações que excediam o mero interesse de conquista ou expansão de poder.
Após um longo período de bonança e bons frutos especulativos, a crise mundial finalmente se apresentou. Deu sinais exteriores desde o ano passado, mas foi somente agora que a tampa da panela de pressão foi projetada ao teto, para escândalo e surpresa de muitos. O sinal de alerta máximo foi acionado e estima-se que o estrago na economia mundial seja comparável ao baque de 1929, de terríveis conseqüências. Aos primeiros sinais do problema, o governo brasileiro foi ágil para subestimar os efeitos sobre a economia local; agora, admite ter injetado US$ 3 bilhões em leilões e algumas "marolas" no sistema.
Passado o afogadilho do primeiro impacto, a hora é de esperar o efeito do remédio amargo experimentado por todas as nações que apostaram numa economia de mercado especulativa, de capitalismo puro, indiferente à economia de caráter social e produtiva. Os estragos ainda estão para ser contabilizados, mesmo com o presidente Lula comportando-se como um comandante de Titanic, negando sempre a gravidade da situação.
O episódio suscita algumas lições e análises. Agora se tem a dimensão do quanto a economia brasileira refletia um clima de calmaria externa, permitindo um alto grau de crescimento e desenvolvimento, com seara tranqüila para investimentos. Mérito de uma política séria e objetiva, traçada desde antes do atual governo, que fez com que o Brasil navegasse em águas calmas por tantos anos. Errou o governo em avaliar que os gastos em programas assistencialistas e não sustentáveis poderiam ser mantidos indefinidamente, sacando recursos de um superávit que corre o risco de diluir-se na tormenta. Resta agora acompanhar atentamente como o governo vai se comportar frente à crise, onde a primeira arma é a contenção de gastos e seriedade administrativa.
(Editorial do Correio Popular, 14/10)
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