domingo, 18 de outubro de 2009

Os novos delinquentes

Cada época tem as suas características próprias, delineadas pelas transformações dos tempos, os costumes que se amoldam às novas realidades, os fatores sociais que impingem comportamentos e exigem que as gerações correspondam às expectativas criadas pela sociedade. O período da adolescência é, sempre, uma fase da vida em que as pessoas passam por transformações emocionais, físicas e psicológicas, com um comportamento muito característico, demandando uma atenção e sensibilidade especiais. É uma época tanto de descobertas como de conflitos que, se mal administrados, podem deixar marcas negativas profundas.

A delinquência juvenil deve sempre ser encarada com cuidado especial. Não por acaso, os menores de 18 anos são considerados com privilégios legais que lhes garantem a compreensão e todo o esforço de educação e orientação, atenuando-se as penas sempre que se detectarem traços de rebeldia juvenil onde muitos veem apenas comportamento contraventor.

Os parâmetros da geração atual refletem mudança radical no jeito de ser dos adolescentes, comparado com poucas décadas atrás. As novidades tecnológicas, as opções de lazer e distração, o acesso à informação rápida e superficial, as barreiras de relacionamento rompidas, a iniciação sexual precoce, os horizontes da educação mais abrangentes contextualizam uma forma de pensar que desafia os pais e educadores, preocupados em entender o universo que se delineia para o futuro próximo.

A revelação do maior envolvimento de jovens da classe média em ocorrências envolvendo roubos, tráfico e uso de drogas, com base nos dados da Fundação Casa (ex-Febem), escancara uma realidade já percebida por todos e facilmente percebida na rotina de quem lida com o trabalho de assistência e recuperação de jovens envolvidos em delitos.

Uma análise primária permite depreender que a fronteira entre a simples rebeldia e a delinquência adolescente tem sido muito frequentemente ultrapassada, sem distinção de formação, escala social, grau de instrução ou gênero. O fenômeno da proliferação do consumo de drogas em escala mundial acionou o alerta da sociedade, que busca instrumentos para controlar os efeitos nefastos da drogadicção e do tráfico, especialmente entre os mais jovens.

O que tem levado os jovens a um comportamento exacerbadamente consumista permite vários enfoques. Certamente, a sociedade moderna tem lançado frequentes apelos neste sentido, colocando em xeque valores antigos, muitos casos sem sopesar as consequências ou conseguir divisar os horizontes futuros. A educação e convivência familiar são basilares para estabelecer novos padrões que não impliquem em lançar jovens à reclusão em entidades por não conseguirem estabelecer os limites de sua rebeldia.

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