O jornalismo brasileiro tem uma das mais vibrantes histórias na luta pelo direito, reconhecido internacionalmente pelo seu legado de transparência, de coragem, por posições assumidas em momentos críticos, exemplarmente cumprindo o seu papel basilar de prover informação e conteúdo à população. A independência dos jornais é responsável pela contribuição ao crescimento do País, pela ordem institucional e até mesmo pelo combate aos regimes de exceção que se instalaram.
O presidente Lula não tem se mostrado uma pessoa totalmente preparada para opinar sobre questões essenciais da vida pública, denunciando em cada fala improvisada o seu destempero e visão tolhida sobre os grandes temas de uma sociedade democraticamente constituída. Não faltam disparates que expõem a fragilidade de raciocínio do presidente, frequentemente flagrado em exposições toscas e metáforas infelizes. Ao traduzir seu discurso em forma rasa para atingir o seu público, comete desatinos que mancham sua imagem de figura pública ou denunciam uma visão pouco afeita ao diálogo e respeito institucional.
Nesta semana, o presidente foi pródigo em pronunciamentos polêmicos, despertando indignação e protestos de líderes religiosos, políticos de oposição e entidades representantivas de jornalistas. No último caso, Lula arriscou dizer que o jornalismo não deve fiscalizar, mas só informar, cometendo um grave equívoco sobe o papel da imprensa em regimes democráticos e traduzindo um inadmissível viés de autoritarismo. Transparecendo um entendimento míope sobre liberdade de expressão e a própria razão da existência da imprensa, o presidente excedeu a razão e levantou argumentos que desqualificam profundamente sua opinião sobre o assunto.
Erram os que se apressam em atribuir as contradições lógicas de Lula a um total desconhecimento. O presidente tem se mostrado ladino ao apropriar-se de exponencial índice de aprovação para semear conceitos que, em princípio, parecem absurdidades, mas que embutem uma estratégia de disseminar uma linha de raciocínio quase subliminar. Não é segredo o que Lula pensa e espera da imprensa. Em várias manifestações, ele demonstra não estar afeito a críticas e denúncias, essência do papel de jornalistas, preferindo o elogio fácil.
Sua ideia de uma imprensa alinhada eternamente com o poder e submetida a seus caprichos é reforçada no discurso uniformizado de desqualificação do papel de comunicadores, ou na tentativa de criação de mecanismos de controle e regulamentação, presentes e repetidos exaustivamente, até serem aceitos por grande parcela da população como verdade. Certamente, esse seria o quadro mais conveniente para um governo marcado por denúncias e por coalizões mais comprometedoras do que qualquer aproximação com Judas.
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