No contexto de nação, ressaltam-se os princípios de civismo, que nada mais é que o reconhecimento de cada indivíduo de sua responsabilidade perante a Pátria, formada pelos seus semelhantes e orientados pelas mesmas crenças morais, éticas, legais e culturais. O cidadão somente se pode chamar assim se ostentar o respeito a esses valores, que podem ser contestados mas servem de parâmetro para tudo.
Incutido de forma arbitrária nos anos de chumbo da ditadura militar dos anos sessenta — como geralmente acontece em todos os regimes de exceção ou exclusão democrática — o civismo ainda é associado por toda uma geração ao militarismo e ao fanatismo. Os desfiles garbosos em datas especiais tinham todas as características de parada militar, deslocada para o meio popular como forma de catequização, demonstração de poder, construção de uma nova identidade nacionalista que necessitava ser forjada.
A incorporação do Hino Nacional à rotina escolas brasileiras, assim como a adoção da execução da peça antes dos jogos de futebol no Estado de São Paulo, são iniciativas que procuram resgatar o caráter cívico dos brasileiros, pouco afeitos a manifestações públicas de sua identidade como povo. No futebol e nos desfiles das representações esportivas em amarelo, não raro as pessoas demonstram sinceras emoções. Mas não demonstram a mesma expectativa em situações de puro civismo político, por exemplo.
Apressam-se os críticos ao dizer que o civismo não deve ser uma condição imposta, que o amor à Pátria é algo que não pode ser infundido através de obrigações, mas despertado através da constatação de que o país é feito por todos e a todos dá atenção. Certamente é mais difícil inspirar as pessoas para os valores cívicos de uma nação que esteja temerariamente inadimplente no provimento de questões sociais, que seja voraz na cobrança de impostos e leniente no cumprimento de obrigações constitucionais.
A execução do Hino Nacional nas escolas pode não ter o pendão de despertar o civismo em jovens e crianças, mas cumpre o principal papel de despertar a responsabilidade primeira de se entender como membro de uma nação e qual o seu papel diante da realidade. Somente assim os cidadãos poderão entender que uma nação é feita por todos, e não um ente abstrato, responsável pelo provimento das necessidades de cada um ou culpado de todas as vissicitudes e insucessos.
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