quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sinal ocupado para protesto na Telefônica

Os tempos modernos são caracterizados por uma profunda transformação nas comunicações. Recursos antes inimagináveis, ou presentes apenas nas páginas de ficção, se fazem presentes no dia a dia da pessoas, quebrando barreiras, encurtando distâncias, aproximando pessoas e criando novos modelos de negócios e comportamentos. A revolução digital é uma realidade, impulsionando o mundo moderno rumo a um tempo onde as transformações trafegam por fibras óticas e ondas de tecnologia.
No Brasil, a chegada dos avanços tecnológicos coincidiu com uma reviravolta em todos os setores, aplicando-se o conceito de uma economia liberal no final do século passado, a abertura de um mercado para importação de bens, materiais e serviços, fomentando uma realidade que se foi desenhando com os reflexos notados. Um dos setores mais sensíveis foi justamente o de telefonia, agitado pela invasão de operadoras internacionais que estenderam seus tentáculos para o hemisfério Sul.


Os serviços telefônicos brasileiros sempre foram críticos. Na segunda metade do século passado, a evolução foi mínima, salvo um pico de investimentos perto dos anos 70 que introduziu um sistema de comunicação nacional com a abertura da Discagem Direta à Distância, a maior revolução do setor. O falido sistema da antiga Telesp, no Estado de São Paulo, não conseguia transformar as ações preferenciais em investimentos que suportassem a demanda por novas linhas. A estrutura deficiente levou a um processo demasiado lento de expansão em relação ao ritmo de desenvolvimento do País, desenvolvendo um mercado paralelo de linhas com valores cotados em dólar.

A entrada da telefonia celular e as operadoras internacionais trouxeram alento ao setor, com investimentos maciços e tecnologia que representou avanço. Mas o decorrer do tempo trouxe outros problemas. Com a expansão do mercado e número de aparelhos implantados, o serviços de proteção ao consumidor foram alinhando queixas e reclamações das empresas do setor, em infindável calvário para os clientes que alegam falta de suporte de uma estrutura que, em verdade, é terceirizada.

O apagão de terça-feira que deixou várias cidades de São Paulo sem linhas fixas da Telefônica por cerca de duas horas, em alguns casos se estendendo pelo período da tarde, poderia ser apenas um incidente grave na medida dos prejuízos imputados a quem depende de telefone. Mas a insistência como a empresa se coloca como fonte de problemas e aborrecimentos potencializou a irritação e indignação dos clientes.

A operadora recebeu prazo de cinco dias para explicar a razão da pane no sistema e a forma de ressarcir os prejuízos. O Procon alerta que aqueles que se sentirem prejudicados devem acionar a Justiça por perdas e danos, um passo que, antecipadamente, sabe-se que terá alto custo, prazo longo para ser julgado e a improbabilidade de comprovar o valor real do prejuízo. Seja como for, mais uma vez o problema vai sair barato para a Telefônica e as linhas de reclamação permanecerão ocupadas.


(Correio Popular, 11/6)

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