Foi preciso a rápida intervenção dos governos sobre o liberalismo econômico para dominar uma fera destruidora, sem que as lições pudessem ter sido apreendidas. No total, estima-se a colocação no mercado de US$ 2,2 trilhões através da emissão de moeda que alimentaram o apetite especulador, repôs os ativos desmoronados com a crise e trouxeram algum alívio à pressão que levava à severa restrição de créditos e afetava gravemente os setores produtivos.
Mesmo com efeitos facilmente detectáveis, até pouco tempo não se conseguia dimensionar a extensão dos prejuízos e a profundidade com que as empresas seriam afetadas pela volatilidade dos negócios.
Aos poucos, depois de nove meses de incertezas e perplexidade, as nuvens do pessimismo vão aos poucos de diluindo e é possível divisar os primeiros sinais dos escombros provocados e dos indicadores de recuperação que surgem ali e acolá. Para o Brasil, as perspectivas são amenas. Os resultados obtidos na negociação de commodities, a retomada de investimentos estrangeiros e o fortalecimento do mercado doméstico fazem surgir claros sinais de vitalidade, com a recuperação de ativos na Bovespa, a valorização do Real frente ao dólar e resultados expressivos em vários setores estratégicos.
A surpreendente recuperação da Bolsa de Valores, por refletir o humor do mercado de investimentos, sinaliza para um tempo de recuperação de perdas. A liberação de crédito também é atestado da confiança na estabilidade futura. Ao anunciar linha de financiamento de automóveis em até 80 meses, o sistema bancário restabelece a confiança e fortalece um setor essencial na economia que tem importante ancoragem na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Os indicadores de empregos e a vitalidade do setor da construção civil, aliados aos primeiros saldos positivos nas exportações, mostram que a força regional deve prevalecer nos próximos meses.
Mesmo assim, a prudência, nestes casos de instabilidade, é uma ótima receita. Evidentemente que todas as intervenções no sistema inconsequente e no fluxo do capital especulativo terão consequências e custos a serem pagos no futuro. O alto preço da irresponsabilidade ainda está sendo auferido e poderá vir na forma de confronto entre desenvolvimento e inflação que afetarão provavelmente as nações mais fortes. Basta relevar que os ventos que trouxeram a crise também serviram para estufar algumas velas.
(Correio Popular, 1/6)
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