sexta-feira, 12 de junho de 2009

Infindáveis escândalos

Parece infindável o corolário de denúncias contra a classe política brasileira. Quando se pensa que o comportamento de grande parte dos políticos chegou ao limite do tolerável, nas raias externas da ética e da honestidade, surgem novos fatos que aprofundam a indignação da sociedade que se sente atada e na expectativa de que o Judiciário cumpra suas atribuições. O risco que se corre é que a impunidade passe a ser a regra e aumente o fosso que separa a sociedade e esta classe que se outorga direitos e benefícios no distanciamento da realidade do País.

O assunto da vez é a manobra imoral do Senado de nomear parentes, amigos e autorizar aumento de salários e despesas sem dar publicidade dos atos, criando uma autêntica caixa preta inacessível que escamoteia da sociedade informações que constrangem os envolvidos. Foram cerca de 300 atos administrativos que ocorreram durante a gestão do ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, e que não passaram pelos procedimentos normais de transparência, incluindo a nomeação do neto do presidente do Senado José Sarney no início de 2007 a um salário mensal de R$ 7.600,00.

Este não é apenas mais um escândalo na extensa fila que se vem relacionando há tempos. Expõe artimanha certamente perpetrada nos bastidores do Congresso para dissimular o que os cidadãos não querem mais tolerar. Através do mecanismo de boletins extras, consegue-se tirar do foco as nomeações, aumentos de salários e mesmo a reversão de decisões de contenção de despesas, como um ato de apenas seis linhas que em outubro do ano passado liberou o pagamento de horas-extras a cerca de 800 assessores do gabinete de senadores, acabando com os limites criados e restabelecendo a farra do pagamento.

A verdadeira caixa preta do Senado guarda todos os desvios de comportamento, os atos ilícitos que vêm sendo perpetrados contra a Nação, os abusos que se tornaram corriqueiros de uma forma que mancha a República. O Brasil não aceita mais tanto descalabro e impunidade. É importante que os homens públicos comecem a pagar pelos seus erros de forma implacável e exemplar, para resgatar nos cidadãos a confiança no sistema democrático e na ordem institucional. É preciso revelar com constância e obstinação todos os erros, orientar os eleitores, criar filtros que afastem da vida pública tudo o que representam estes párias da sociedade que se travestem de políticos empossados.

(Correio Popular, 12/6)

Um comentário:

Alba & Omega disse...

No entiendo bien el portugues, pero creo esta expresando temas relacionados con la polílica, dando así voz a los que no tienen voz. http://albayomega.blogspot.com/